Capítulo 4: Medicina Romana

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Nessa época, entre os romanos, generaliza-se a idéia de que as epidemias são produzidas por fenômenos celestes. A astrologia estabelecia uma conexão entre os astros e os fenômenos terrestres. Eram especialmente os cometas que eram vistos como os anunciadores das maiores tragédias. O astrólogo romano Marcus Manilius, do primeiro século da era cristã, indica o significado dos cometas: destruição de colheitas, praga, morte:
Pode ser que por meio desses aspectos e incêndios do céu, deus nos envie, por piedade, sinais de uma sorte miserável. Os fogos com que o céu queima jamais foram sem significado. Os homens do campo, com suas esperanças destruídas, choram sobre os campos arrasados. Entre os sulcos estéreis o homem que ara a terra, cansado, em vão estimula o esforço de seus animais. Ou então, quando uma doença grave e uma corrupção lenta dos corpos atingiu os homens, brota uma chama mortal do centro da vida e varre os povos; e pelas cidades se sucedem piras flamejantes para os mortos. Assim foi a praga que atingiu o povo de Erechteus e que levou a antiga Atenas a se transformar em um sepulcro, sem guerra (...). 
           Tais são os desastres que os cometas brilhantes em geral proclamam. A morte vem com essas tochas celestes, que ameaçam a terra com o brilho de piras incessantes, pois o céu e a natureza são atingidos e parecem condenados a compartilhar a tumba dos homens. Esses fogos também anunciam guerras e revoltas, e armas erguidas em atos de traição. (...) 

         Não se considerava que os cometas e os planetas produzissem diretamente as doenças. Pensava-se que eles alteravam a atmosfera, e esta, por sua vez, produzia as epidemias.

         Embora não se trate de um autor romano, cabe citar o autor desse período que se tornou a principal autoridade antiga em astrologia: Claudius Ptolemaios (ou Ptolomeu), o famoso astrônomo e geógrafo egípcio do século II D. C. O nome de Ptolomeu é bastante conhecido, por ter sido quem desenvolveu o sistema astronômico geocêntrico (no qual a Terra é o centro do universo) que só foi modificado no século XVI, por Copérnico. Embora mais conhecido como astrônomo, Ptolomeu escreveu também uma obra sobre astrologia, o "Tetrabiblos" ou "Livro quádruplo", que foi provavelmente o mais influente texto astrológico de todos os tempos.

         No Tetrabiblos, Ptolomeu desenvolveu uma teoria sobre a influência dos planetas que toma como ponto de partida a classificação das quatro qualidades básicas de Aristóteles (quente ou frio, úmido ou seco).

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