Capítulo 4: Medicina Romana

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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    CONCEPÇÕES DOS ROMANOS SOBRE EPIDEMIAS E CONTÁGIO

         No império romano, ocorriam muitas epidemias que chamaram a atenção dos médicos. Em geral, seguindo a tradição hipocrática, eles consideravam que a epidemia se devia a uma mudança climática que produzia um desequilíbrio dos humores. Um autor do primeiro século antes da era cristã, Celsus, faz uma descrição dos cuidados que deveriam ser tomados durante as epidemias:

Há precauções indispensáveis, que se deve tomar, durante o reinado de uma epidemia, por aquele que ainda não foi atingido mas que não está a salvo de seus ataques. O mais seguro é então viajar ou navegar. Se isso não é possível, deve fazer-se transportar em liteira, levar-se docemente em pleno ar, antes da hora dos grandes calores; utilizar unções leves e, como se aconselhou mais acima, evitar a fatiga, as indigestões, o frio, o calor e os excessos venéreos. Deve-se tomar muito mais cuidado ainda se ocorrer algum mal estar, e nesse caso não se levantar pela manhã, nunca caminhar de pés nus, sobretudo quando acaba de comer ou tomar um banho, renunciar a produzir vômitos tanto em jejum quanto após o jantar, não produzir evacuações alvinas, tentar mesmo interrompê-las se aparecerem, e remediar preferivelmente pela abstinência a plenitude excessiva do corpo. Igualmente, deve-se suprirmir os banhos, não ficar suado, manter-se em guarda contra o sol do meio-dia, sobretudo se ele vier depois da única refeição que se deve fazer no dia. Essa refeição será por fim muito moderada, para não se expor às indigestões; e em dias alternados deve-se beber água e vinho. Tomando-se essas precauções, não se mudará mais nada em sua maneira de viver. Todas as doenças pestilenciais, e principalmente aquelas que são trazidas pelos ventos do meio dia, exigem que se conforme a esses preceitos.
         Celsus recomenda, na prevenção contra as epidemias, os procedimentos gerais que já apareciam em Hipócrates e outros autores para manter a saúde: cuidar especialmente da alimentação e da bebida, utilizar moderação nas atividades, etc. Quando a pessoa fosse atingida pela epidemia, os procedimentos de cura consistiam em reestabelecer o equilíbrio dos humores:
Nas febres, o caráter pestilencial exige também uma atenção especial. A dieta, os purgativos ou lavagens [intestinais] não são nesse caso de utilidade nenhuma, e quando as forças o permitem, o melhor é tirar sangue, sobretudo se a febre é acompanhada pela dor. Se esse meio não oferecer segurança, deve-se, logo que a febre estiver menos forte, desembaraçar o estômago fazendo vomitar.
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