Capítulo 4: Medicina Romana |
HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS |
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Embora Plínio elogie os estudos de Mitridates, ao mesmo tempo ele
critica os antídotos compostos que se desenvolveram depois:
Existe uma mistura elaborada, chamada teriaga, que é composta por incontáveis ingredientes - embora a Natureza nos tenha dado muitos remédios, cada um dos quais, sozinho, teria sido suficiente. O antídoto "mithridatium" é composto por 54 coisas, cada uma com um peso diferente, alguns dos quais prescritos em uma 60ª parte de um denário. Em nome da verdade: qual deus fixou essas proporções absurdas? Nenhum cérebro humano pode ter sido tão sutil. É claro que isso é uma ostentação da arte e uma colossal fraude da ciência.Apesar da crítica de Plínio, como veremos mais adiante, as triagas e mitrídates irão se manter populares durante muitos séculos - até cem anos atrás. Mas o aspecto mais curioso do estudo dos venenos nesse período é o próprio nome que se dava a eles. Eram chamados de "vírus". A palavra "vírus" é latina. O significado original da palavra é o de um líquido venenoso, de origem animal ou vegetal. A palavra era aplicada na Antigüidade ao veneno das cobras e escorpiões, a sucos vegetais venenosos ou a venenos preparados artificialmente. Por extensão, a palavra "vírus" passou também a ser usada para indicar emanações venenosas, cheiros desagradáveis (especialmente de coisas podres), e também sucos ou secreções com algum poder mágico ou medicinal. Atualmente a palavra "vírus" adquiriu um significado diferente, bem preciso, referindo-se a certos microorganismos. No entanto, o sentido original da palavra continua existindo, por exemplo, no adjetivo "virulento", que significa venenoso, maligno, mortal, etc. Uma serpente virulenta, por exemplo, não é uma que injeta vírus (no sentido moderno da palavra), e sim uma que injeta veneno com suas picadas. Desde essa época, a idéia de venenos ("vírus") específicos começa a ser generalizada. Falava-se em venenos não apenas de cobras, aranhas e escorpiões, mas também de cães raivosos, que não são animais normalmente "venenosos", mas que se tornam capazes de transmitir a raiva a outros cães ou pessoas. Assim, o "vírus" pode ser natural ou transmitido por alguém que o adquiriu. Esse é mais um passo na direção do conceito moderno de contágio. |
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CRONO LOGIA |