Capítulo 12: O Século XX: Sucessos e Dificuldades

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Um dos defensores da vacinação obrigatória, Vieira Bueno, argumentava que:

- em todos os países cultos a vacinação anti-variólica é obrigatória;
- graças a isso, a varíola não aparece mais onde há vacinação e revacinação (por exemplo, na Alemanha); 
- durante a guerra franco-prussiana, os franceses não tinham a vacinação obrigatória; morrearam de varíola 23.600 franceses e de um milhão de soldados alemães que atravessaram a França só houve 659 óbitos; 
- antes atacavam a vacinação porque ela podia ser o veículo da sífilis e da tuberculose, mas com a vacinação animal não há mais este perigo.

         Respondendo a esses argumentos, um opositor da vacinação obrigatória, Horta Barbosa, afirmava:

- a vacinação não era obrigatória em todos os países cultos: a obrigatoriedade só existia na Alemanha, França, Sérvia e Japão. Não existia na Holanda, Suíça, Bélgica e Inglaterra. Na Suíça, houve rejeição popular à obrigatoriedade (70%) e ela não foi instituída; na Inglaterra, havia obrigatoriedade e foi revogada por causa da oposição que surgiu contra ela ;
- a vacinação pode não proteger da doença: no Egito, apesar da vacinação e revacinação, o exército britânico foi atacado pela varíola: 1,22% contraíam a doença e 0,175% morriam;
- há perigos na vacinação: 1.069 crianças morreram pela vacinação na Inglaterra e em Gales, antes de 1859; 
- faltava uma base científica para a vacina, que não era justificada pela teoria microbiana.

         Como se vê, havia argumentos fortes dos dois lados. Os que defendiam a vacinação obrigatória nem sempre reconheciam a existência de limitações e perigos reais do processo - e talvez os adversários da vacinação tivessem mais razão do que os defensores, na época. A longo prazo, a vacinação venceu e a varíola foi a única doença eliminada da face da Terra, até hoje, pela Medicina. Mas até hoje é necessário admitir que as vacinas apresentam riscos, que não oferecem proteção total e que não se chegou a uma compreensão completa de seu modo de atuação.

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