Capítulo 12: O Século XX: Sucessos e Dificuldades

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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    REAÇÕES CONTRA A VACINA

         A questão das vacinas foi um capítulo à parte em toda a discussão da nova teoria. No século XIX, a aceitação da teoria microbiana era, em princípio, independente da aceitação das vacinas. As vacinas não foram uma conseqüência da teoria microbiana nem eram explicadas por ela. Houve uma grande resistência contra a obrigatoriedade da vacinação, por vários motivos. Um deles foi a falta de compreensão do processo de imunização: a vacinação foi descoberta ao acaso, era completamente empírica. Sua única justificativa era que funcionava. Por outro lado, a própria eficácia da vacinação foi colocada em dúvida: parecia que nem sempre ela protegia as pessoas da doença. Por fim, em certos casos a vacinação era perigosa, pois houve muitos casos de pessoas que morreram por causa da inoculação.
         No Brasil, já existia, desde o século XIX, a vacinação contra a varíola. Mas só em 1904 foi proposta a vacinação obrigatória de toda a população contra essa doença. O projeto, apresentado e defendido pelo governo de Rodrigues Alves, foi duramente combatido por várias correntes. Os monarquistas, positivistas, operários, militares e outros grupos se uniram, formando uma "liga contra a vacina obrigatória". A imprensa se posicionou contra a vacinação, divulgando "charges" que ridicularizavam o processo. Apesar de toda a oposição, o projeto de lei foi aprovado no dia 9 de novembro de 1904. Seguiu-se imediatamente um motim, que paralisou a cidade do Rio de Janeiro durante uma semana. Uma insurreição militar tentou depor Rodrigues Alves, sem sucesso.

Oswaldo Cruz realizou importantes campanhas contra a varíola, a febre amarela e a peste bubônica, mas foi ridicularizado pela imprensa.
         Não se deve pensar que a oposição à vacinação tenha sido apenas fruto da ignorância e do preconceito. Vejamos rapidamente os argumentos que eram utilizados pelos dois lados.

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