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REAÇÕES
CONTRA A VACINA
A questão das vacinas foi um capítulo à parte em toda
a discussão da nova teoria. No século XIX, a aceitação
da teoria microbiana era, em princípio, independente da aceitação
das vacinas. As vacinas não foram uma conseqüência da
teoria microbiana nem eram explicadas por ela. Houve uma grande resistência
contra a obrigatoriedade da vacinação, por vários
motivos. Um deles foi a falta de compreensão do processo de imunização:
a vacinação foi descoberta ao acaso, era completamente empírica.
Sua única justificativa era que funcionava. Por outro lado, a própria
eficácia da vacinação foi colocada em dúvida:
parecia que nem sempre ela protegia as pessoas da doença. Por fim,
em certos casos a vacinação era perigosa, pois houve muitos
casos de pessoas que morreram por causa da inoculação.
No Brasil, já existia, desde o século XIX, a vacinação
contra a varíola. Mas só em 1904 foi proposta a vacinação
obrigatória de toda a população contra essa doença.
O projeto, apresentado e defendido pelo governo de Rodrigues Alves, foi
duramente combatido por várias correntes. Os monarquistas, positivistas,
operários, militares e outros grupos se uniram, formando uma "liga
contra a vacina obrigatória". A imprensa se posicionou contra a
vacinação, divulgando "charges" que ridicularizavam o processo.
Apesar de toda a oposição, o projeto de lei foi aprovado
no dia 9 de novembro de 1904. Seguiu-se imediatamente um motim, que paralisou
a cidade do Rio de Janeiro durante uma semana. Uma insurreição
militar tentou depor Rodrigues Alves, sem sucesso. |
Oswaldo Cruz realizou importantes campanhas contra a varíola,
a febre amarela e a peste bubônica, mas foi ridicularizado pela imprensa.
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Não se deve pensar que a oposição à vacinação
tenha sido apenas fruto da ignorância e do preconceito. Vejamos rapidamente
os argumentos que eram utilizados pelos dois lados. |
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