Capítulo 11: Aperfeiçoamento e Dificuldades da Teoria Microbiana

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Uma outra medida que era tomada contra as pestes era a purificação das roupas, colocando-as ao ar livre. Em parte, isso pode ter sido útil: as pulgas saem de roupas expostas ao calor do Sol. Por outro lado, dentre as dezenas de substâncias aromáticas recomendadas para serem usadas nas casas, é possível que alguma fosse também útil contra pulgas. Sabe-se que, no Brasil, existem ervas que, colocadas dentro de casas, são capazes de afastar as pulgas. Todas as outras medidas tomadas contra a peste, no entanto, eram inúteis: queimar substâncias aromáticas pelas ruas, fazer fogueiras, cheirar esponjas embebidas em vinagre e outras medidas semelhantes não tinham efeito nem contra os ratos, nem contra as pulgas.

         Houve descobertas inesperadas de vetores. Durante o século XIX, havia sido percebido que a transmissão do tifo se dava, como no caso do cólera, pela água. Apesar disso, não se conseguia controlar totalmente a doença, que irrompia às vezes entre os soldados, durante a guerra. Em 1909, Charles Nicolle estabeleceu que o tifo é transmitido por piolhos, que até então eram considerados como incômodos, mas inofensivos.
 

Carlos Chagas.
         Deve-se a um brasileiro, Carlos Chagas, a descoberta de uma nova doença, seu microorganismo causador e seu vetor, em uma série de estudos realizados no início do século. Em 1907, estava sendo contruída uma estrada de ferro no norte de Minas Gerais. Havia muita malária na região e Carlos Chagas foi incumbido de organizar as medidas que permitissem proteger os trabalhadores contra a doença. Durante esse trabalho, Chagas tomou conhecimento da existência de um grande inseto que se alimentava de sangue, chamado "barbeiro". Esse inseto, quase do tamanho de uma barata, vive escondido em frestas das casas, durante o dia, mas à noite sai de seu esconderijo e suga o sangue dos moradores. Normalmente, quando se acende uma luz, ele se enconde rapidamente. Conta-se que a mordida não é dolorosa e que o inseto ataca em geral o rosto das pessoas adormecidas, sem que elas acordem.

         Como estavam sendo descobertos muitos insetos transmissores de doenças, Chagas resolveu examinar alguns barbeiros à procura de microorganismos. Talvez ele esperasse encontrar um novo vetor da malária. Mas achou dentro de alguns barbeiros um novo tipo de microorganismo: certos flagelados, semelhantes aos que provocam a "doença do sono" do gado africano. Mais tarde, eles foram batizados como Trypanosoma cruzi.

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