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Outros vetores de doenças foram sendo descobertos, no final do século
XIX e início do século XX. Em 1897, Ronald Ross descobriu
que o plasmódio da malária era transportado por mosquitos
- Anopheles - identificado por Grassi em 1898. A malária não
era um problema tão grave quanto a febre amarela, pois há
muito tempo se conhecia um remédio eficaz - o quinino. No entanto,
com o conhecimento de seu meio de transmissão, foi também
possível controlá-la.
No final do século XIX, houve epidemias asiáticas de peste
bubônica. Seu estudo permitiu, primeiro, a descoberta do microorganismo
causador da doença por Yersin, em Hong Kong, em 1894. Em 1897, Simond
e Ogata mostraram que a peste bubônica é transmitida pela
pulga de ratos doentes. A peste bubônica se espalha, primeiramente,
entre os ratos, por suas pulgas, que não costumam picar seres humanos.
No entanto, quando um rato doente morre e seu corpo esfria, as pulgas procuram
outro hospedeiro e se não encontram logo um outro rato, podem picar
seres humanos e transmitir-lhes a doença. Na época das grandes
pestes européias, já se havia observado que havia grande
mortalidade de ratos antes que a doença aparecesse nas pessoas;
mas não se sabia a relação entre as duas coisas. |
Em 1897, descobriu-se que a pulga transmitia peste bubônica (desenho
de Amadeo Terzi).
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O modo de evitar o surgimento e a propagação da peste bubônica
é a redução dos ratos, nas cidades. Isso pode ser
conseguido, em parte, com medidas de limpeza: redução do
lixo acumulado pelas ruas e em terrenos vazios, limpezas de porões
das casas, etc.; ou por medidas dirigidas diretamente ao seu extermínio,
através de venenos. Nas antigas pestes, como vimos, o primeiro tipo
de medida era tomada (com o fim consciente de diminuir o mau cheiro) e
algumas vezes procurava-se eliminar também todos os animais das
cidades. No entanto, é difícil exterminar os ratos; e como
é muito mais fácil matar os gatos, que são mais visíveis,
provavelmente essas medidas eram mais prejudiciais do que benéficas,
pois eliminavam os predadores naturais dos roedores.
Depois que se descobriu a relação entre os ratos e a peste,
em muitos lugares em que essa doença aparecia, as autoridades estimularam
a população a combater os ratos, remunerando as pessoas por
corpos de ratos que fossem entregues. Essa medida é perigosa, pois
se o rato já estiver doente, pouco depois de sua morte as pulgas
procurarão outro lugar para viver - e escolherão, muito provavelmente,
a pessoa que matou o rato e o levou para entregar às autoridades
sanitárias. |
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