Capítulo 11: Aperfeiçoamento e Dificuldades da Teoria Microbiana

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

.
O que legitimamente se conclui de tudo quanto acabamos de expor é que produz-se o beriberi por meio da inoculação dos microorganismos provenientes do sangue de indivíduos acometidos daquela moléstia. Não são ainda suficientes os dados de que dispomos para decidir se além dos micrococos já mencionados outras bactérias existem capazes de produzir a mesma moléstia, devendo notar-se que em outras enfermidades há exemplos disso. Sobre se se deve considerar ou não o beriberi moléstia infecciosa, creio que a tal respeito ninguém levantará hoje a menor dúvida.
         As medidas de controle da doença sugeridas por esse autor são, evidentemente, cuidados sanitários, desinfecção dos locais e dos objetos, etc.

         Outro brasileiro que descobriu um micróbio do beribéri foi Francisco Fajardo. Em 1898, ele observou um hematozoário que se apresentava no sangue de doentes de beribéri, sob a forma de granulações de cor vermelho-escura ou às vezes preta. Ele os considerou como semelhantes ao parasita da malária. Nem seria preciso dizer que seu trabalho não foi confirmado.

         Continuaram a morrer milhares de pessoas por todo o mundo, enquanto se procurava o micróbio do beribéri. Surgiam indicações que parecem hoje muito claras indicando que era uma enfermidade de origem alimentar, mas ninguém percebia claramente qual a deficiência, na época. Em 1880, o médico Kamehiro Takaki, do Hospital Naval de Tóquio, convenceu-se de que havia algum problema nutricional na Marinha japonesa. Acreditou que a causa era a pequena quantidade de nitrogênio ingerida pelos marinheiros, e para solucionar essa deficiência introduziu mais carne, mais vegetais e, em algumas refeições, cevada no lugar do arroz. Houve uma grande redução do beribéri na Marinha japonesa.

         Um médico da marinha brasileira, Jaime Silvado, comentou em 1905 esse trabalho de Takaki. Elogia seu êxito, mas diz que não é a falta de nitrogênio que produz a doença, pois os marinheiros brasileiros recebiam 600 g de carne fresca e 450 g de pão por dia, em terra, mas mesmo assim surgia o beribéri. Silvado aponta que, ao mesmo tempo em que mudou a alimentação, Takaki conseguiu que fossem adotadas medidas de higiene, e que foram elas que eliminaram o beriberi.

.
Página anterior
247
Próxima página

INTRO DUÇÃO
CAP. 01
CAP. 02
CAP. 03
CAP. 04
CAP. 05
CAP. 06
CAP. 07
CAP. 08
CAP. 09
CAP. 10
CAP. 11
CAP. 12
CRONO LOGIA