Capítulo 11: Aperfeiçoamento e Dificuldades da Teoria Microbiana

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         No sangue do animal morto, encontrou granulações semelhantes às dos doentes beribéricos: filamentos, esporos, etc. Culturas desse material reproduziram "todas as formas do Bacillus beribericus". Três porquinhos da Índia também morreram em poucos dias, quando inoculados com a cultura de arroz.

         O trabalho de Lacerda foi criticado como precipitado e pouco cuidadoso. Em 1887, ele publicou novo trabalho, mais detalhado, com novos testes. Nessa época, ele afirma que alguns estudos de autores do exterior chegaram a conclusões iguais às suas e cita Ogata Masanori e Wallace Taylor no Japão (1886), Connelissen e Sugunoya na Índia (1886). De fato, não apenas esses mas também outros autores estavam "descobrindo" microorganismos do beribéri. Cada um, no entanto, observava micróbios diferentes.

         Logo depois, Lacerda encontra uma confirmação de seus estudos. O médico Cornellius Pekelharing, de Utrecht, foi enviado em 1887 à Índia pelo governo holandês para extudar o beribéri e propor medidas para combater essa doença. Tomou conhecimento dos estudos de Lacerda e lhe pediu cópias de seus trabalhos. Através da embaixada holandesa no Rio de Janeiro, Lacerda acompanhou os trabalho de Pekelharing, que levaram a resultados semelhantes aos seus. Pekelharing afirma que estudou a possibilidade de que a doença fosse produzida por microorganismos porque ela parecia contagiosa. E confirma a hipótese:  

 Efetivamente conseguimos reconhecer no sangue de beribéricos, extraído durante a vida, a existência de bactérias.
 Elas aí se encontram como grânulos (micrococos) e em forma de bastonetes, porém muito menores do que os descritos por Lacerda e Ogata, menores ainda do que os encontrados em cadáveres de beribéricos pelos srs. Cornelissen, e Suguenoya.
         Como se vê, cada investigador encontrava um tipo de microorganismo diferente. No entanto, Pekelharing, como Lacerda e como outros, consegue fazer uma cultura de seu microorganismo, inoculá-lo e produzir a doença. Além disso, Pekelharing descobriu que suas bactérias existiam no ar, nos lugares em que estudou a enfermidade, "exclusivamente onde reina o beriberi". É difícil imaginar como ele poderia afirmar que em nenhum outro lugar existem essas bactérias. Pekelharing se convence de que os micróbios são a causa do beribéri:
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