Capítulo 11: Aperfeiçoamento e Dificuldades da Teoria Microbiana

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

.
         Com o sangue recolhido nos tubos capilares, Lacerda fazia a cultura dos microorganismos. Ele tomava esses tubos, lavava-os por fora com ácido fênico e depois com água para esterilizar seu exterior. Depois, segurando-os com duas pinças, quebrava-os ao meio e deixava cair dentro do balão com o caldo de carne (ou outros líquidos que utilizou depois). Fechava então o vidro e o levava a uma estufa, à temperatura do corpo humano. "No meio líquido, formavam-se flocos esbranquiçados. No meio sólido, surgiam pontinhos brancos formando colônias."

         Tirando uma gota do líquido de cultura e colocando entre duas lâminas de vidro, via "filamentos cilindróides, hialinos, soltos, imóveis, de comprimentos vários, alguns muito longos, chegando a medir de 10 a 15". Lacerda descreve várias transformações que esses filamentos podiam sofrer, produzindo corpúsculos arredondados, isolados ou em grupos, ou bastões. Esse microorganismo de forma tão variável foi chamado por Lacerda de Bacillus beribericus.


João Batista Lacerda, em 1902.

         Segundo Lacerda, a cultura com o sangue de 5 doentes deu os mesmos resultados; depois, estudou um número maior de doentes, com resultados concordantes. Também fez culturas a partir da urina dos doentes, observando o surgimento de esporos do Bacillus beribericus.

         Após conseguir a cultura do microorganismo, era necessário utilizá-la para verificar se era possível transmitir a doença. Lacerda faz a inoculação em porquinhos da Índia e em coelhos, com sucesso, e em um carneiro, sem resultado nenhum. Em todos os animais inoculados, Lacerda encontrou os microorganismos. No caso de alguns deles, houve perturbações do movimento, que Lacerda considerou como uma indicação de que eles estavam com beribéri. "Esse micróbio, sendo inoculado em porquinhos da Índia, reproduziu neles sintomas análogos aos do beriberi, e causou-lhes a morte no fim de poucos dias."

.
Página anterior
244
Próxima página

INTRO DUÇÃO
CAP. 01
CAP. 02
CAP. 03
CAP. 04
CAP. 05
CAP. 06
CAP. 07
CAP. 08
CAP. 09
CAP. 10
CAP. 11
CAP. 12
CRONO LOGIA