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Com o sangue recolhido nos tubos capilares, Lacerda fazia a cultura dos
microorganismos. Ele tomava esses tubos, lavava-os por fora com ácido
fênico e depois com água para esterilizar seu exterior. Depois,
segurando-os com duas pinças, quebrava-os ao meio e deixava cair
dentro do balão com o caldo de carne (ou outros líquidos
que utilizou depois). Fechava então o vidro e o levava a uma estufa,
à temperatura do corpo humano. "No meio líquido, formavam-se
flocos esbranquiçados. No meio sólido, surgiam pontinhos
brancos formando colônias."
Tirando uma gota do líquido de cultura e colocando entre duas lâminas
de vidro, via "filamentos cilindróides, hialinos, soltos, imóveis,
de comprimentos vários, alguns muito longos, chegando a medir de
10 a 15 ". Lacerda
descreve várias transformações que esses filamentos
podiam sofrer, produzindo corpúsculos arredondados, isolados ou
em grupos, ou bastões. Esse microorganismo de forma tão variável
foi chamado por Lacerda de Bacillus beribericus. |
João Batista Lacerda, em 1902.
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Segundo Lacerda, a cultura com o sangue de 5 doentes deu os mesmos resultados;
depois, estudou um número maior de doentes, com resultados concordantes.
Também fez culturas a partir da urina dos doentes, observando o
surgimento de esporos do Bacillus beribericus.
Após conseguir a cultura do microorganismo, era necessário
utilizá-la para verificar se era possível transmitir a doença.
Lacerda faz a inoculação em porquinhos da Índia e
em coelhos, com sucesso, e em um carneiro, sem resultado nenhum. Em todos
os animais inoculados, Lacerda encontrou os microorganismos. No caso de
alguns deles, houve perturbações do movimento, que Lacerda
considerou como uma indicação de que eles estavam com beribéri.
"Esse micróbio, sendo inoculado em porquinhos da Índia, reproduziu
neles sintomas análogos aos do beriberi, e causou-lhes a morte no
fim de poucos dias." |
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