Capítulo 11: Aperfeiçoamento e Dificuldades da Teoria Microbiana

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Preparava inicialmente um meio de cultura onde pretendia cultivar os microorganismos que encontrasse: caldo de carne de vaca. Ele o cozinhava, neutralizava, filtrava duas vezes, colocava em balões de vidro que eram fechados a fogo; depois, colocava os balões em uma estufa, com temperatura entre 130 e 140 graus Celsius, para esterilizá-los. Observando esse procedimento, verificava que o caldo de carne se conservava depois límpido e transparente, sem aparecimento de microorganismos anômalos.

         Lacerda colhia então o sangue de alguns beribéricos. 

 Eis como procedia eu na colheita do sangue. Começava por lavar uma das extremidades digitais do doente com sabão, ou álcool. Feito isto, comprimia-se fortemente a polpa do dedo de modo a enturgescer os tecidos e penetrava-se nele com um alfinete previamente passado no fogo. A gota de sangue surgindo da picada era imediatamente aspirada por um tubo de vidro capilar, previamente esterilisado na temperatura de 180 graus centígrados. Uma vez cheio o tubo, obturavam-se os extremos com lacre derretido.
 Enquanto se enchiam assim numerosos tubos, algumas gotas do sangue aproveitavam-se para o exame microscópico imediato. Recebida a gota entre duas lâminas de vidro, depois de bem apertadas para operar-se a difusão do líquido, procedíamos ao exame microscópico (...). Via-se claramente por entre os glóbulos do sangue corpúsculos nimiamente pequenos, de forma esférica ou ovoide, quase todos brilhantes, executando no líquido movimentos de translação e de rotação assaz acentuados.
         Lacerda não tinha dúvidas de que esses corpúsculos eram vivos: seu movimento diminuída quando o líquido ia secando. A quantidade desses corpúculos variava muito conforme os doentes e os dias; em alguns casos os corpúsculos cresciam em uma direção, depois se estrangulavam e formavam a aparência de diplococos.
 Estas observações por muito tempo repetidas, sobre o sangue de vários doentes de beriberi, não nos deixaram dúvida alguma de que no sangue destes doentes encontra-se sempre, com mais ou menos abundância, um micróbio, cujas formas ali representadas são as dos micrococos.
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