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Em poucos dias a coberta
estava repleta de doentes, não havendo mais um lugar vago na enfermaria!
A moléstia resistiu valorosamente a toda terapêutica; nem
poderia ser de outro modo quando todas as condições produtoras
dela subsistiam [calor, umidade, chuvas]; achando-nos, além de tudo,
baldo de dietas e alimentos reconfortantes; chegando ao ponto de só
podermos adietar com arroz.
Houve 29 doentes de beribéri. Três morreram na viagem, outros
quatro no hospital de San Francisco.
Discutindo a causa da doença, Magalhães se refere às
idéias de Silva Lima, que era a mais aceita na época: "(...)
o ilustrado prático considera o beriberi como uma intoxicação
sangüínea, produzida pelo intermédio de um miasma que
se introduz na torrente circulatória." Magalhães concorda
com a existência de intoxicação do sangue, mas não
pelo intermédio dos miasmas. Supõe que os fatores principais
foram: temperaturas quentes e úmidas; alimentação
insuficiente, tanto em quantidade quanto em qualidade; acúmulo de
pessoas; impressões morais tristes; excessos de qualquer natureza;
e cansaço.
Ao comentar sobre a alimentação, Magalhães sugere
a introdução de batatas inglesas; verduras dessecadas e conservadas
em latas; introdução da pimenta; uso de demais condimentos;
e manutenção de aguardente nas refeições. Nenhuma
dessas medidas seria útil contra o beribéri, pelo que sabemos
hoje. |
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A enfermidade era grave e tornou-se comum nas cidades. No final do século
XIX e início do século XX, no Rio de Janeiro só havia
quatro doenças que matavam mais do que o beribéri: tuberculose,
varíola, malária e gripe. Os casos de tifo, sarampo e desinteria
eram menos numerosos do que os de beribéri. |
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