Capítulo 11: Aperfeiçoamento e Dificuldades da Teoria Microbiana

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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Em poucos dias a coberta estava repleta de doentes, não havendo mais um lugar vago na enfermaria! A moléstia resistiu valorosamente a toda terapêutica; nem poderia ser de outro modo quando todas as condições produtoras dela subsistiam [calor, umidade, chuvas]; achando-nos, além de tudo, baldo de dietas e alimentos reconfortantes; chegando ao ponto de só podermos adietar com arroz.
         Houve 29 doentes de beribéri. Três morreram na viagem, outros quatro no hospital de San Francisco.
 
         Discutindo a causa da doença, Magalhães se refere às idéias de Silva Lima, que era a mais aceita na época: "(...) o ilustrado prático considera o beriberi como uma intoxicação sangüínea, produzida pelo intermédio de um miasma que se introduz na torrente circulatória." Magalhães concorda com a existência de intoxicação do sangue, mas não pelo intermédio dos miasmas. Supõe que os fatores principais foram: temperaturas quentes e úmidas; alimentação insuficiente, tanto em quantidade quanto em qualidade; acúmulo de pessoas; impressões morais tristes; excessos de qualquer natureza; e cansaço.

         Ao comentar sobre a alimentação, Magalhães sugere a introdução de batatas inglesas; verduras dessecadas e conservadas em latas; introdução da pimenta; uso de demais condimentos; e manutenção de aguardente nas refeições. Nenhuma dessas medidas seria útil contra o beribéri, pelo que sabemos hoje.

         A enfermidade era grave e tornou-se comum nas cidades. No final do século XIX e início do século XX, no Rio de Janeiro só havia quatro doenças que matavam mais do que o beribéri: tuberculose, varíola, malária e gripe. Os casos de tifo, sarampo e desinteria eram menos numerosos do que os de beribéri.

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