Capítulo 11: Aperfeiçoamento e Dificuldades da Teoria Microbiana

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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Sem presumir coisa alguma teoricamente acerca deste ponto, isto é, sem sair do domínio dos fatos, direi que a doença não pareceu difundir-se por contágio ou infecção, e sim depender de causa morbífica largamente espalhada, de circunstâncias ou condições higiênicas gerais desconhecidas.
         Silva Lima recomendava para prevenir a enfermidade a higiene pessoal, vinhos, boa alimentação, mudança de ares, banhos salgados. O tratamento era feito através de quinino, ferro, vomitórios, diuréticos, purgantes, etc. Silva Lima intuiu que o beribéri tinha relação com alimentos, comparando-o com o ergotismo, que é produzido pelo centeio estragado. Mas não se fixou em nenhuma causa, sugerindo a existência de uma influência do clima, de miasmas paludosos, de águas impuras, etc.
 
         Na década de 1870, surgiram explicações para o beribéri que o comparavam a um processo reumático produzido pela umidade, já que aumentava sua incidência em épocas de chuva. Foi também comparado à anemia e à malária. Encontrou-se correlações entre sua ocorrência e a proximidade de rios ou mar. Sugeriu-se que era causado por um microorganismo presente nos peixes, pois a enfermidade ocorria com maior freqüência em população oriental que se alimentava de peixe cru. Em alguns mortos pelo beribéri foram encontrados vermes intestinais aos quais também se atribuiu a doença.

         O beribéri surgia com freqüência em prisões, hospitais, asilos e navios, sugerindo que se tratasse de doença contagiosa, que se espalhasse facilmente em aglomerações de pessoas com higiene deficiente. Em 1871, uma grande epidemia de beribéri dizimou os presos na Casa de Detenção do Recife.


Algumas pinturas de Portinari mostram pessoas com os membros inchados, como se estivessem com beribéri.

         Em Minas Gerais, havia na época um célebre internato: o colégio do Caraça. Lá houve graves epidemias de beribéri em 1861, 1873 e 1878. Na primeira delas, uma comissão médica atribuiu a enfermidade ao salitre que os padres dissolviam na água dos alunos, para diminuir seus desejos sexuais.

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