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Sem presumir coisa alguma
teoricamente acerca deste ponto, isto é, sem sair do domínio
dos fatos, direi que a doença não pareceu difundir-se por
contágio ou infecção, e sim depender de causa morbífica
largamente espalhada, de circunstâncias ou condições
higiênicas gerais desconhecidas.
Silva Lima recomendava para prevenir a enfermidade a higiene pessoal, vinhos,
boa alimentação, mudança de ares, banhos salgados.
O tratamento era feito através de quinino, ferro, vomitórios,
diuréticos, purgantes, etc. Silva Lima intuiu que o beribéri
tinha relação com alimentos, comparando-o com o ergotismo,
que é produzido pelo centeio estragado. Mas não se fixou
em nenhuma causa, sugerindo a existência de uma influência
do clima, de miasmas paludosos, de águas impuras, etc.
Na década de 1870, surgiram explicações para o beribéri
que o comparavam a um processo reumático produzido pela umidade,
já que aumentava sua incidência em épocas de chuva.
Foi também comparado à anemia e à malária.
Encontrou-se correlações entre sua ocorrência e a proximidade
de rios ou mar. Sugeriu-se que era causado por um microorganismo presente
nos peixes, pois a enfermidade ocorria com maior freqüência
em população oriental que se alimentava de peixe cru. Em
alguns mortos pelo beribéri foram encontrados vermes intestinais
aos quais também se atribuiu a doença.
O beribéri surgia com freqüência em prisões, hospitais,
asilos e navios, sugerindo que se tratasse de doença contagiosa,
que se espalhasse facilmente em aglomerações de pessoas com
higiene deficiente. Em 1871, uma grande epidemia de beribéri dizimou
os presos na Casa de Detenção do Recife. |
Algumas pinturas de Portinari mostram pessoas com os membros inchados,
como se estivessem com beribéri.
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Em Minas Gerais, havia na época um célebre internato: o colégio
do Caraça. Lá houve graves epidemias de beribéri em
1861, 1873 e 1878. Na primeira delas, uma comissão médica
atribuiu a enfermidade ao salitre que os padres dissolviam na água
dos alunos, para diminuir seus desejos sexuais. |
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