Capítulo 11: Aperfeiçoamento e Dificuldades da Teoria Microbiana

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Como resultado dessa medida, o escorbuto desapareceu dos navios. Em 1841, o médico George Budd escreveu um livro sobre o escorbuto, em que contava que muitos médicos da marinha nunca tinham visto um único caso da enfermidade.

         No entanto, não se sabia claramente o que era essa doença, nem por qual motivo os limões e outros vegetais ácidos eram capazes de curá-la. Podia ser que a enfermidade fosse um desequilíbrio dos humores e que os limões curassem a doença por causa de serem úmidos e frios. Além disso, desde a Idade Média, acreditava-se que os limões tinham grande poder contra os venenos. Em uma obra atribuída a Alberto Magno (século XII) que circulava muito na época das grandes navegações, conta-se que os dois grandes remédios naturais contra todo tipo de veneno são a arruda e o limão. Atribuía-se nesse tempo ao limão a capacidade de proteger contra as picadas das serpentes. Como os "venenos" eram também causa das epidemias, o limão parecia também útil nesses casos:

Pareceu-me útil e necessário provar a excelência das propriedades destes cinco preservativos, a saber, o limão, a arruda, as pílulas cordiais, a mitrídata e a teriaga, pra serem usados com segurança e sem receio, segundo a maneira que foi prescrita. Porque se têm tanto poder sobre os venenos, não devem ter menos contra a corrupção do ar, à qual é mais fácil resistir.
         De certa forma, em 1841 Budd já estava próximo da noção atual, de que o escorbuto é produzido pela carência de certas substâncias (vitamina C) na alimentação e que pode ser curada por essa substância. Ele afirma claramente que apenas os vegetais possuem a propriedade de combater o escorbuto; que diferentes vegetais são mais ou menos adequados para o tratamento, sendo que os cereais e outros vegetais semelhantes não curam a enfermidade; e que o calor destroi o poder anti-escorbútico. E termina dizendo:
Ignoramos o elemento essencial, comum ao sucos das plantas anti-escorbúticas, do qual dependem essas propriedades. Mas não seremos considerados muito ousados se predissermos que o estudo da química orgânica e os experimentos dos fisiólogos, em um futuro não muito distante, lançarão a luz sobre esse assunto.
         No caso do escorbuto, antes da descoberta das vitaminas, a prática já havia resolvido o problema. Apesar disso, no início do século XX havia pesquisas para descobrir o seu microorganismo. Como alguns dos seus sintomas eram semelhantes aos da sífilis, também se tentava utilizar no escorbuto remédios úteis à sífilis - sem obter bons resultados.
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