Capítulo 11: Aperfeiçoamento e Dificuldades da Teoria Microbiana

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Mas, além de um estudo cuidadoso dos próprios microorganismos, era sobretudo necessário mostrar que eles eram a causa das enfermidades, pois muitos alegavam que se tratava apenas de um efeito da doença. Por isso, o último passo - utilizar uma cultura pura e conseguir produzir a enfermidade com ela - era um elemento essencial do método de Koch.

         Foram necessários mais dois anos para que Koch conseguisse identificar um outro tipo de microorganismo patogênico: o causador da infecção das feridas (septicemia). Tentativas anteriores de estudo desse microorganismo haviam falhado pela dificuldade em obter culturas puras. Havia sido até mesmo proposta a idéia de que as bactérias se transformavam em diferentes tipos (polimorfismo). O trabalho de Koch aniquilou essa suposição.

         Em 1880, Koch identificou o agente causador de uma das mais importantes doenças da época: a tuberculose.

         Durante o século XIX, embora as medidas de higiene tivessem reduzido muito várias doenças, a tuberculose resistia a tudo e desafiava a Medicina. Como vimos, na década de 1860 Pasteur acreditava, como outros, que se tratava de uma enfermidade hereditária. Outros achavam que sua causa era a exposição a um ar insalubre. Um terceiro grupo pensava que era uma doença transmissível.

         Desde o século XVIII, houve tentativas de transmitir a tuberculose por inoculação, sem resultado. Em 1843, Klencke induziu tuberculose dos pulmões e fígado em coelhos, por inoculação de material tirado de tubérculos do homem, injetados nas veias do pescoço. Em 1865, Jean-Antoine Villemin (1827-1892) fez importantes estudos, inoculando material tirado de tubérculos de cadáveres humanos em diversos animais. Observou que apenas o macaco, a vaca e o coelho adquiriam a doença. Conseguiu também transferir a tuberculose de um animal vivo para outro. No entanto, tentativas realizadas por outros pesquisadores produziam efeitos semelhantes injetando em animais outras substâncias. A situação era confusa.

         Uma técnica especial de estudo foi desenvolvida por Julius Cohnheim (1839-1884). Depois de várias tentativas, ele inoculou com material tirado de tubérculos humanos o olho de coelhos vivos. Observou que, depois de um certo tempo de incubação, havia o surgimento de nódulos na íris. Eles cresciam, tornando-se visíveis a olho nu, sem que nenhum outro sinal fosse notado. Depois, a enfermidade se espalha pelo corpo, atingindo as glândulas linfáticas, pulmões, pâncreas, fígado e rins, acabando por produzir a morte do animal. Ao fazer a inoculação com outras substâncias, só ocorria uma irritação temporária. Assim, estabeleceu-se que a tuberculose era transmissível e que era possível diferençiá-la de outros processos semelhantes. Mas não se sabia ainda qual o agente que produzia a doença. O problema não era apenas descobrir algum microorganismo presente nos doentes: eram descobertos vários diferentes. Era necessário isolá-los, cultivá-los e testá-los, seguindo o método de Koch. Ele próprio comentou:

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