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Julgando
os resultados que foram atingido recentemente sobre a etiologia de muitas
doenças infecciosas, pareceu provável que a causa da tuberculose
também pudesse ser encontrada em algum microorganismo. Para chegar
a alguma conclusão sobre esse ponto, era obviamente necessário
utilizar todos os métodos que se mostraram valiosos na investigação
de outras enfermidades infecciosas, e seguir a ordem da pesquisa que em
ocasiões anteriores se mostrou melhor adaptada para o fim em vista.
Primeiro, determinar
se elementos formados, que não podiam nem pertencer aos constituintes
do corpo, nem ter brotado deles, estavam presentes nas partes doentes.
Se a presença de tais elementos estranhos for demonstrada, deve-se
em seguida determinar se eles são organizados, e se exibem algum
sinal de possuir vida independente. O principal desses [sinais] é
o movimento espontâneo, muitas vezes confundido com movimento molecular,
o poder de crescimento, aumento e reprodução. Além
disso, devem ser trabalhadas as relações dessas formas com
seu meio, o comportamento dos elementos dos tecidos vizinhos, a distribuição
dessas formas pelo corpo, sua presença em diferentes estágios
do processo mórbido, e pontos semelhantes. Tudo isso tem uma conexão
de maior ou menor importância sobre a relação dessas
formas à doença considerada. É possível que
os fatos assim trazidos à luz forneçam uma prova tão
decisiva, que apenas o cético mais extremo ainda manteria que os
microorganismos descobertos eram concomitantes à doença e
não sua causa. Geralmente, no entanto, podem existir fundamentos
para esta objeção. A prova completa da relação
causal exige não apenas uma demonstração da coincidência
dos parasitas com a enfermidade, mas, além disso, deve-se mostrar
que os parasitas produzem diretamente a doença. Para obter essa
prova, é necessário isolar o parasita completamente do organismo
doente, e de todos os produtos da doença às quais se pode
atribuir qualquer influência patogênica; então, excitar
de novo a enfermidade com todas as suas características especiais
pela introdução apenas dos parasitas em um organismo sadio.
As dificuldades, no caso da tuberculose, foram muitas. Os microorganismos
que realmente causavam a doença eram muito pequenos, apresentavam-se
em pequena quantidade e quase sempre dentro de células do organismo.
Nos pulmões dos doentes eram encontrados outros microorganismos
maiores e em maior quantidade, que se pensou muitas vezes serem a causa
da enfermidade. Foi preciso observar e testar vários deles, o que
era especialmente difícil porque a tuberculose é uma doença
que se desenvolve lentamente. Foi preciso desenvolver um corante adequado
para tornar visível o microorganismo. E, por fim, esse microorganismo
não se desenvolvia nos meios de cultura testados, até que
Koch experimentou, em 1882, o uso do soro de sangue, esterilizado e endurecido.
Só então foi possível cultivar os bacilos e, depois,
testar seu efeito, observando que eles de fato causavam a tuberculose. |
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