Capítulo 11: Aperfeiçoamento e Dificuldades da Teoria Microbiana

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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   Julgando os resultados que foram atingido recentemente sobre a etiologia de muitas doenças infecciosas, pareceu provável que a causa da tuberculose também pudesse ser encontrada em algum microorganismo. Para chegar a alguma conclusão sobre esse ponto, era obviamente necessário utilizar todos os métodos que se mostraram valiosos na investigação de outras enfermidades infecciosas, e seguir a ordem da pesquisa que em ocasiões anteriores se mostrou melhor adaptada para o fim em vista. 
   Primeiro, determinar se elementos formados, que não podiam nem pertencer aos constituintes do corpo, nem ter brotado deles, estavam presentes nas partes doentes. Se a presença de tais elementos estranhos for demonstrada, deve-se em seguida determinar se eles são organizados, e se exibem algum sinal de possuir vida independente. O principal desses [sinais] é o movimento espontâneo, muitas vezes confundido com movimento molecular, o poder de crescimento, aumento e reprodução. Além disso, devem ser trabalhadas as relações dessas formas com seu meio, o comportamento dos elementos dos tecidos vizinhos, a distribuição dessas formas pelo corpo, sua presença em diferentes estágios do processo mórbido, e pontos semelhantes. Tudo isso tem uma conexão de maior ou menor importância sobre a relação dessas formas à doença considerada. É possível que os fatos assim trazidos à luz forneçam uma prova tão decisiva, que apenas o cético mais extremo ainda manteria que os microorganismos descobertos eram concomitantes à doença e não sua causa. Geralmente, no entanto, podem existir fundamentos para esta objeção. A prova completa da relação causal exige não apenas uma demonstração da coincidência dos parasitas com a enfermidade, mas, além disso, deve-se mostrar que os parasitas produzem diretamente a doença. Para obter essa prova, é necessário isolar o parasita completamente do organismo doente, e de todos os produtos da doença às quais se pode atribuir qualquer influência patogênica; então, excitar de novo a enfermidade com todas as suas características especiais pela introdução apenas dos parasitas em um organismo sadio.
         As dificuldades, no caso da tuberculose, foram muitas. Os microorganismos que realmente causavam a doença eram muito pequenos, apresentavam-se em pequena quantidade e quase sempre dentro de células do organismo. Nos pulmões dos doentes eram encontrados outros microorganismos maiores e em maior quantidade, que se pensou muitas vezes serem a causa da enfermidade. Foi preciso observar e testar vários deles, o que era especialmente difícil porque a tuberculose é uma doença que se desenvolve lentamente. Foi preciso desenvolver um corante adequado para tornar visível o microorganismo. E, por fim, esse microorganismo não se desenvolvia nos meios de cultura testados, até que Koch experimentou, em 1882, o uso do soro de sangue, esterilizado e endurecido. Só então foi possível cultivar os bacilos e, depois, testar seu efeito, observando que eles de fato causavam a tuberculose.
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