Capítulo 10: O Desenvolvimento da Teoria Microbiana das Doenças

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         O procedimento inicialmente utilizado por Lister consistia em embeber um pano em ácido fênico puro (ácido cristalizado, diluído em pouca água), que era introduzido com uma pinça na ferida. Lister colocava sobre a ferida um pequeno pedaço de tecido também embebido em ácido fênico, e recobria tudo com uma tampa de em metal maleável (estanho), para evitar a evaporação do ácido e reduzir o contato com o ar. Em feridas grandes, usou uma pasta feita de gesso, ácido fênico e óleo de linhaça (uma parte de ácido para três de óleo).

         Depois que Lister começou a usar o método antisséptico, não ocorreu mais nenhum caso de piemia em 36 fraturas abertas tratadas. Antes da introdução do método antisséptico, nos anos de 1864 e 1866, houve respectivamente 17 e 18 amputações, com 10 e 9 curas, havendo 7 e 9 mortes (a metade dos casos, quase). Durante o período antisséptico, os resultados foram muito melhores. Em 1867, houve 7 amputações, todas bem sucedidas; em 1868, 17 amputações, com 3 mortes; em 1869, 16 amputações, com 3 mortes.

         As feridas assim tratadas não se infeccionavam, mas o método não era adequado. O ácido puro utilizado por Lister produzia grande irritação dos tecidos, dificultando a cicatrização. Aos poucos, ele foi alterando o procedimento e utilizando o ácido mais diluído. Em períodos posteriores, fixou-se na concentração de uma parte do ácido para 40 partes de água.

         Em 1871, o procedimento utilizado já era bastante diferente. As feridas eram lavadas com água clorada, solução de ácido sulfuroso, ácido fênico ou cloreto de alumínio. Colocava-se sobre o ferimento uma gaze antisséptica, desenvolvida por ele, impregnada por ácido fênico e recoberta por uma fina camada de resina, que diminuía o efeito irritante do ácido. Por cima da gaze, ele colocava um tecido impermeabilizado com borracha, para evitar todo contato com o ar.

         No caso de cirurgias, as mãos, instrumentos e objetos utilizados eram todos desinfetados com ácido fênico na concentração de 1/40 ou 1/20. Além disso, durante todo o tempo da cirurgia, era feita uma pulverização de ácido fênico diluído sobre o local da operação. O objetivo era formar uma "atmosfera antisséptica" capaz de destruir todos os germes do ar, para que eles não pudessem infectar o corte cirúrgico. Inicialmente, eram utilizadas pequenas bombas pulverizadoras manuais. Mas Lister considerava tão importante essa "atmosfera antisséptica", que desenvolveu um novo tipo de pulverisador automático, a vapor, capaz de produzir uma nuvem contínua de ácido fênico sobre o local da cirurgia.

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