Capítulo 10: O Desenvolvimento da Teoria Microbiana das Doenças |
HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS |
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O método de Lister foi adotado em outros locais, com sucesso. Em
München, no ano de 1874, a gangrena havia atingido 80% de todas as
feridas, fossem acidentais ou cirúrgicas, tratadas no hospital.
No início de 1875, foi introduzido o método antisséptico,
e não houve mais casos de gangrena. A piemia desapareceu, a erisipela
era rara e, quando existia, era leve.
Apesar da boa repercussão inicial, o trabalho de Lister logo foi criticado. O professor Léon le Fort rejeitou, em 1882, as idéias de Lister. Ele notou que muitos cirurgiões que não protegiam as feridas do ar tinham tanto sucesso quanto Lister. Em Zurich, o cirurgião Rose salvava 83% dos amputados, usando curativos abertos. Portanto, a tampa protetora de metal ou borracha utilizada por Lister parecia desnecessária. Ao invés de acreditar na infecção pelo ar, Le Fort supõe que poderia ocorrer um contágio, pelos instrumentos, esponjas de limpeza, mãos e objetos necessários ao curativo. Cuidando-se da limpeza dessas coisas, tornava-se desnecessária a proteção contra o ar. Deve-se aqui assinalar um aspecto das cirurgias da época que pode nos parecer inacreditável, mas é real. As feridas acidentais, as pústulas, os cortes cirúrgicos e todas as outras afecções externas dos doentes dos hospitais eram lavadas, para se fazer curativos. Para lavar as feridas, utilizava-se uma esponja e uma bacia com água. A mesma bacia, a mesma esponja e a mesma água eram utilizadas para todos os pacientes, passando de cama para cama sem qualquer tipo de desinfecção. Apenas na década de 1860, o médico norte americano William Morton propôs o uso de um dispositivo portátil que permitia lavar as feridas em água corrente. Pode-se perceber que, nessa época, havia problemas muito mais graves nos hospitais do que a transmissão de germes pelo ar. Quanto à pulverização de ácido durante a cirurgia, ela também foi duramente criticada: parecia ter um papel mínimo, ou ser inútil. Desde que fossem tomados os cuidados de limpeza, as cirurgias eram seguras, sem que fose utilizada a pulverização. Os aparelhos desenvolvidos por Lister eram custosos, além de tornar a cirurgia muito incômoda: tudo ficava molhado, o paciente ficava frio, a visão do local operado ficava mais difícil. A prática de pulverização acabou por desaparecer, mantendo-se a mesma estatística de sucesso. |
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CRONO LOGIA |