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De certa forma, as dúvidas de Bernard não eram razoáveis,
dado o volume de evidências apresentadas por Davaine. No entanto,
havia uma grande mistura de bons trabalhos com pesquisas fracas e duvidosas,
na época. Era difícil perceber a diferença entre eles.
Quais eram, afinal, os critérios que poderiam discriminar entre
uma investigação completa, conclusiva, e uma investigação
incompleta? Isso não estava nem um pouco claro. Foi graças
ao trabalho de Koch, na década seguinte, que foram estabelecidos
esses critérios.
A INFECÇÃO
DE CORTES E FERIDAS E O MÉTODO ANTI-SÉPTICO DE LISTER
Joseph Lister.
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À medida que se desenvolvia o conhecimento dos microorganismos e
de suas relações com enfermidades, esses conhecimentos eram
também aplicados à prática médica. Costuma-se
considerar que um dos primeiros resultados médicos desses desenvolvimentos
foi o trabalho de Joseph Lister (1827-1912) de prevenção
de infecção de ferimentos.
Lister era um cirurgião, que estava estudando as complicações
que ocorriam no tratamento de fraturas expostas. Quando uma pessoa se feria
e fraturava um braço ou uma perna, o tratamento era relativamente
simples e satisfatório sempre que o dano era apenas interno. No
entanto, quando o acidente produzia uma ferida externa (fratura exposta),
surgiam infecções que eram, geralmente, mortais. Quando era
necessário amputar um membro, era quase certa a morte do paciente,
pelo mesmo motivo. |
Em seu primeiro trabalho, publicado em 1867, Lister descreve as ocorrências
comuns nesses casos: parecia que o sangue se alterava, ocorrendo uma putrefação
no local da ferida. Vinte e quatro horas depois do acidente que ocasionou
a fratura, sai da ferida um líquido ou soro que tem um odor
de matéria em decomposição. Esse odor se torna cada
vez mais fétido durante os dois ou três dias seguintes, antes
do estabelecimento da supuração, ou seja, do surgimento de
pus. A infecção muitas vezes se espalhava pelo organismo
todo, levando à morte. |
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