Capítulo 10: O Desenvolvimento da Teoria Microbiana das Doenças

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         No mesmo ano, Davaine publicou um trabalho comparando os efeitos de injeções de substâncias podres com injeções de sangue com antraz. Anteriormente, ele havia concluído que, no caso de substâncias podres, havia simplesmente um veneno, que não se reproduzia no organismo. No entanto, prosseguindo seus estudos, ele se convenceu de que os microorganismos que produziam a putrefação de substâncias orgânicas eram a causa da morte por septicemia. Em seus experimentos, tomou o sangue contido no coração de um boi sadio, guardou-o durante dois dias e, quando observou que estava apodrecendo, injetou-o em cobaias. Elas morreram depois de poucos dias, e no seu sangue Davaine observou a presença de muitas bactérias diferentes da do antraz: eram filamentos móveis, do tipo chamado de "vibrião", enquanto as bactérias do antraz eram imóveis.

         Tomando o sangue das cobaias mortas, Davaine o injetou em novas cobaias e observou que era possível transmitir sucessivamente a septicemia. No caso do antraz, uma gota de sangue era suficiente para transmitir a doença; no caso da septicemia, era necessária uma quantidade maior, mas a doença também era transmitida.
 
         Note-se como a pesquisa de Davaine era cuidadosa. Ele procurava investigar todos os aspectos, fazer comparações, identificar os agentes das doenças, fazer sucessivas transmissões a animais sadios, etc. Nesse período, pode-se dizer que seu trabalho foi exemplar.
 Apesar de todos esses cuidados, o trabalho de Davaine não foi suficiente para convencer os mais céticos. Um deles foi o influente pesquisador Claude Bernard (1813-1878). Bernard aceitava que diferentes microorganismos podem existir e atacar o homem, mas que o ponto essencial é o estado interno do organismo, e por isso esses agentes podem estar presentes sem produzir efeito. Afirmava que os vírus se desenvolvem muitas vezes no organismo e por isso podem ser considerados mais como produtos da doença do que suas causas. Acreditava que as bactérias do antraz podem se desenvolver espontaneamente no organismo (sem infecção externa), embora a doença possa também ser transmitida de um animal doente para outros.

Claude Bernard, um dos opositores de Davaine.

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