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Em 1866, foi realizada uma conferência internacional, em Constantinopla,
sobre o cólera. Os membros da conferência reconheceram que
a enfermidade se espalhava com o movimento humano e que a água e
o alimento podiam ser veículos dessa enfermidade, mas não
se cheogu a nenhuma conclusão sobre as suas causas. As recomendações
da conferência foram simplesmente medidas gerais de asseio, ar fresco,
evitar aglomerações, desinfetar prédios onde ocorressem
casos de cólera, e desinfetar navios e mercadorias quando houvesse
cólera a bordo. Não houve acordo sobre a validade de quarentena
para evitar que a doença se espalhasse - e talvez as pressões
políticas e comerciais tenham sido um fator importante para manter
as facilidades de transporte.
O estado geral de conhecimentos sobre o cólera na França,
em 1867, foi descrito pelo médico Jacques Bonjean. "Aos olhos da
maioria dos médicos, o cólera é um verdadeiro envenenamento
cujo princípio escapa às investigações mais
sutis". Ele considera, na época, como bem estabelecido que os dejetos
dos coléricos são o agente mais ativo de transmissão
da doença. Afirma, ao mesmo tempo, que essas dejeções
não são imediatamente perigosas e "pode-se prevenir suas
emanações deletérias" por uma desinfecção
conveniente. O veneno do cólera se espalha principalmente pelo ar:
Como esse envenenamento
age de uma forma geral, é mais racional atribuí-lo ao ar,
do que à água e aos alimentos, que não passam de causas
ocasionais.
Se o mal se torna epidêmico,
é evidente para nós que ele é transmitido pelo ar.
No entanto, o próprio Bonjean reconhece a dificuldade em se compreender
como esse ar envenenado pode se espalhar e atingir localidades distantes:
O ar viciado que se
exala de uma aglomeração de indivíduos, de um lugar
insalubre, de uma sala de hospital, enfim de uma habitação
infectada, deve favorecer, em um certo raio, a extensão do cólera
do qual ele se torna uma causa ocasional; mas esse ar viciado não
é o vetor que transporta o cólera até acima das montanhas
e as florestas mais vastas.
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