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Tomás de Abreu recomendava também "lavar-se sem abusar dos
banhos"; mudar a roupa pelo menos duas ou três vezes por semana e
sempre que estiver molhada pelo suor ou pela chuva; não trabalhar
à chuva e, se tomar chuva, mudar de roupa e tomar um ponche quente,
com água fervendo, açúcar, aguardente (uma onça
por pessoa), e cascas de limão ou laranja; tomar também a
mesma bebida pela manhã, antes de sair para o trabalho (às
5 horas da manhã) e ao deitar-se (entre 8 e 9 da noite).
Como a doença afeta principalmente o tubo intestinal, o médico
recomendava cuidados com alimentos: eles deveriam ser de boa qualidade,
de fácil digestão, evitando-se comer demais - especialmente
à noite. Recomenda aves e sugere que sejam evitados os peixes, especialmente
salgados. Bebidas quentes como chá, mate e café são
indicados como saudáveis. São proibidas as frutas, ervas,
muita gordura e temperos irritantes. Deve-se evitar o vinho, tomando preferivelmente
o do Porto, Madeira, ou Xerês. |
Esta gravura mostra um homem usando roupa que, supostamente, o protegia
do cólera.
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Se, mesmo com esses cuidados, alguém adoecesse, o médico
recomendava vários tratamentos caseiros e o uso dos dois remédios
que acompanhavam o livreto.
É evidente que tais medidas não serviam para evitar o cólera.
Quem se guiasse por esse folheto não tomaria nenhum cuidado com
a água ou com os dejetos do doente, ficando presa fácil da
enfermidade.
Em 1865, a França é atingida pela quarta epidemia de cólera.
Os meios aceitos até então não impediram que a enfermidade
se espalhasse.
Refletindo sobre o cólera, Chevreul assim resume, nesse ano, os
conhecimentos existentes: a causa do cólera é desconhecida;
seu tratamento é desconhecido. |
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