Capítulo 9: O Processo de Transmissão das Doenças |
HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS |
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A maior parte das pessoas que estudaram o cólera nessa época
aceitava que a doença podia ser transmitida pelos doentes, mas não
se chegava a uma acordo sobre o modo como isso acontecia. Uma pessoa da
família ou uma enfermeira poderia passar vários dias ao lado
de um colérico, sem adquirir a enfermidade. Uma das suposições
que surgiu foi a de que os dejetos do doente não eram diretamente
venenosos, mas que depois de algum tempo ocorria alguma transformação
ou multiplicação do material lá contido.
Um experimento citado na época e que parecia favorecer essa idéia havia sido realizado em 1855 pelo médico alemão Thiersch. Ele havia alimentado ratos com o líquido intestinal de coléricos, para verificar se havia contágio. Quando o líquido era fresco, não produzia efeito nenhum. Quando era muito antigo, também não produzia efeito. Mas o líquido com mais de 3 e menos de 9 dias produziu uma doença nos ratos. De 34 ratos que receberam essa substância, 30 adoeceram e 12 morreram, com sintomas semelhantes ao do cólera. Thiersch concluiu que os dejetos dos coléricos não produzem contágio diretamente, mas que, alguns dias depois, desprende-se deles uma substância tóxica, não volátil, capaz de produzir a enfermidade. O experimento de Thiersch foi criticado, no entanto, porque ele não havia feito testes semelhantes com dejetos de pessoas normais; poderia ocorrer que a morte dos ratos não fosse por causa do cólera, mas simplesmente por causa da ingestão de materiais em putrefação. A incerteza era tão grande, que muitas autoridades preferiam não manifestar nenhuma opinião. Em 1848, a Academia Imperial de Medicina de Paris nomeou uma "comissão do cólera", encarregada de fazer um relatório sobre os numerosos trabalhos que eram recebidos sobre esse assunto. Durante 18 anos, a comissão guardou um total silêncio sobre essa importante questão, apesar das reclamações reiteradas da imprensa médica. Enfim, esse silêncio foi rompido, e, na sessão de 23 de abril de 1867 da Academia, o sr. Briquet, em nome da comissão do cólera de 1840, leu as conclusões de seu relatório. Essas conclusões nada afirmavam sobre a causa ou sobre o tratamento da doença. Fazia apenas recomendações vagas, indicando condições gerais que favorecem a propagação do cólera como de qualquer outra epidemia, ou seja: a vizinhança dos lugares onde reina a enfermidade, a proximidade de águas paradas, locais baixos, sem ventilação adequada, a elevação da temperatura, as variações atmosféricas, a chegada de ventos provenientes das localidades infectadas, as grandes reuniões de pessoas, as aglomerações, a guerra, a miséria, a saúde fraca, o estado de cansaço ou debilidade, as paixões que enfraquecem, e enfim o regime alimentar pouco conveniente. |
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CRONO LOGIA |