Capítulo 9: O Processo de Transmissão das Doenças

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Mesmo sem conseguir explicar tais fatos, Snow admitiu que eram os dejetos dos doentes que transmitiam a doença. Sugeriu então várias medidas que ainda hoje são válidas, para a prevenção do cólera:

1) asseio: lavar as mãos após contato com doentes;
2) lavar as roupas pessoais e de cama dos doentes, ou expô-las a uma temperatura de mais de 100 graus;
3) evitar contaminação da água; se houver suspeita sobre a água, fervê-la e depois filtrar ;
4) quando houver incidência de cólera: purificar os alimentos pela água ou fogo, lavar as mãos antes de comer;
5) separar os doentes dos sãos;

além de várias outras medidas. Com certo otimismo, Snow concluiu que:

Tenho confiança (...) que, observadas as precauções acima enumeradas, precauções essas que creio serem baseadas na noção exata da causa do cólera, possa este tornar-se extremamente raro e, por que não dizer, ser totalmente banido dos países civilizados.
         Infelizmente, vemo-nos ainda às voltas com o cólera, no Brasil. Talvez Snow tivesse sido muito otimista. Ou talvez estejamos vivendo em um país que ainda não pode ser considerado como civilizado.
 

    RESISTÊNCIAS À HIPÓTESE DE TRANSMISSÃO DO CÓLERA PELA ÁGUA

         O trabalho de John Snow descrito anteriormente é muitas vezes apresentado como um estudo que estabeleu sem nenhuma possibilidade de dúvidas a transmissão do cólera pela água. Para se compreender a dinâmica real da ciência, é importante mostrar que as coisas não são bem assim. Nossa tendência normal é pensar que aquilo que aceitamos hoje em dia foi claramente provado e não pode ser colocado em dúvida. Mas em cada época existem sempre muitas hipóteses diferentes e pode não se tornar claro qual delas é a mais correta.

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