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No segundo período, há uma diarréia abundante, súbita,
sem ardor, sem contrações. O doente é repentimanete
atacado e evacua primeiramente as matérias fecais contidas nos intestinos.
Logo depois sobrevém uma diarréia líquida, de cor
branca, leitosa, sem cheiro forte, semelhante à água em que
se lavou arroz e contendo grumos. A evacuação é acompanhada
por muitos ruídos no ventre. Há uma leve dor e os líquidos
são expelidos de modo quase constante, sem que o doente tenha consciência
disso. Surgem náuseas e, às vezes, vômitos, que
também são leitosos.
A diarréia e os vômitos produzem uma grave desidratação
do doente, que fica rapidamente magro, como se estivesse secando. Os alimentos
e líquidos ingeridos não são absorvidos pelo organismo.
Gravura japonesa ilustrando os sintomas da cólera: dierréia
e vômitos.
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Os doentes sentem frio e as extremidades dos membros ficam pálidas.
O pulso se enfraquece, desaparece pouco a pouco e só é sentido
no meio do braço. O ventre fica mole, vazio. Podem aparecer câimbras
muito fortes. Há violentas contrações musculares dos
membros e do tronco, que parecem formar nós e causam dores muito
vivas. O pulso se acelera. A face fica pálida, os olhos se afundam,
cercados por uma auréola roxa. A voz se torna rouca.
Essa segunda fase pode durar apenas algumas horas, ou prolongar-se por
até três dias.
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Na terceira fase, continuam as dejeções e os vômitos
aquosos. Como conseqüência da perda de líquido do organismo,
há uma extrema fraqueza, o sangue se torna espesso e escuro, a circulação
fica fraca, a pele fica insensível. Há febre, transpiração,
sensação de falta de ar, a urina desaparece ou diminui muito.
As câimbras continuam. O doente sente muita sede e pede bebidas frias.
Tenta constantemente se descobrir. A respiração é
difícil e ansiosa. As mãos, pés e o fundo da face
adquirem uma cor azulada. Os pés e mãos ficam frios. Até
o hálito fica frio. A língua fica lívida e fria. A
mucosa da boca e das gengivas se torna fria e arroxeada. A pele das mãos
se enruga como quando é deixada muito tempo dentro da água.
O círculo em volta dos olhos se afunda mais ainda, tornando-se escuro.
Fica difícil ver os olhos do doente. Os olhos ficam secos, e se
não forem umidecidos, pode-se produzir a cegueira, se a pessoa não
morrer. |
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