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Em 1838, Turpin confirmou as observações de Cagniard-Latour.
Discutiu também detalhadamente os processos que ocorriam na fermentação,
observando que o desenvolvimento e reprodução do levedo dependia
do "território" em que ele era colocado. Alguns "territórios"
podiam ser adequados para o crescimento do fermento, outros podiam ser
nocivos e não permitir sua reprodução.
Embora esses autores estivessem preocupados apenas com a própria
fermentação, a analogia com as doenças não
podia deixar de ser notada. Nas enfermidades contagiosas, parecia existir
alguma substância (o vírus) que passava de uma pessoa para
outra e que aumentava em quantidade, já que podia chegar a atingir
milhões de pessoas. Essa multiplicação do vírus
era semelhante ao que ocorria com os fermentos.
Em 1840, o microscopista Jacob Henle (1809-1885) apresentou o seguinte
argumento: como apenas organismos vivos podem se multiplicar, a matéria
mórbida que causa doenças infecciosas deve ser orgânica.
A causa das doenças contagiosas devia ser a existência de
organismos minúsculos que penetrariam em nosso corpo e que se desenvolveriam
aí, depois de um período de incubação mais
ou menos longo, durante o qual estariam se reproduzindo. Henle explicou
que ninguém havia descoberto esses organismos pela imperfeição
dos microscópios. |
Jacob Henle.
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Além de propor essa hipótese, Henle estabeleceu pela primeira
vez as condições necessárias para provar que um organismo
particular é a causa de uma determinada doença. Seria necessário
demonstrar que o parasita está sempre presente; seria preciso isolar
o parasita e estudá-lo fora do organismo doente; e deveria ser possível
reproduzir a doença utilizando o parasita isolado. Algumas décadas
depois, como veremos, um aluno de Henle, Robert Koch, reestabeleceu e conseguiu
aplicar com sucesso essas regras. No entanto, o próprio Henle não
conseguiu observar nenhum microorganismo associado a doenças. |
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