Capítulo 8: Miasmas ou Microorganismos?

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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Quando [a água] já está corrompida, joga-se em cada tonel 6 a 8 arratéis de carvão pulverizado, até que se dissipe o mau cheiro. Depois, coa-se e acrescenta-se ácido sulfúrico (óleo de vitríolo). 
         Novamente, o principal critério de salubridade da água era o cheiro e o procedimento tinha por objetivo eliminar o mau odor da água (pelo carvão) e impedir que a água apodrecesse de novo (pelo ácido). O processo é igualmente capaz de destruir microorganismos e deve ter sido útil para a conservação da saúde da tripulação.

         Os vários casos aqui analisados mostram que a teoria dos miasmas foi muito útil, sem ser verdadeira. Ele conduziu a muitas medidas higiênicas que atualmente consideramos como excelentes - embora nossas teorias atuais sejam muito diferentes. No fim do século XVIII e início do século XIX, procurou-se dar uma fundamentação química à teoria dos miasmas, mas a tentativa falhou. Não foi possível encontrar os gases responsáveis pelas doenças dos pântanos ou por outras enfermidades transmissíveis.
 

    DÚVIDAS SOBRE CONTÁGIO NO INÍCIO DO SÉCULO XIX

         O século XIX é uma época em que ocorre grande desenvolvimento econômico e científico em todo o mundo. A Europa se industrializa, com todas as conseqüências positivas e negativas acarretadas pelo processo. Há empregos e há produção de bens materiais. Por outro lado, como a industrialização atrai para as grandes cidades muitas pessoas pobres há um crescimento desordenado das regiões industrializadas. Algumas delas dobraram ou triplicaram de tamanho, em poucos anos. Formaram-se bairros miseráveis, nos arredores, sem condições higiênicas: eram locais sujos e úmidos. Em cidades industriais como Manchester e Liverpool, praticamente não existiam sanitários. Os excrementos eram empilhados em montes de até cinco metros de altura, nos bairros pobres. Não existia coleta de lixo, a água era geralmente suja.

         As fábricas tinham péssimas condições sanitárias, os operários trabalhavam mais de dez horas por dia e crianças pequenas eram   empregadas por salários ridículos para trabalhar durante todo o dia.

         A mortalidade nas grandes cidades aumentou muito, nesse período. Os cuidados de desenvolvimento da higiene que haviam progredido muito no século XVIII, sofreram um recuo. Algumas doenças aumentaram muito: febre tifóide, tuberculose, difteria. Ocorrem grandes epidemias de cólera, que se espalham por todo o mundo.

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