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Priestley
imaginou que a respiração dos animais desprendia alguma substância
maligna:
Como o ar que passou pelos pulmões
é a mesma coisa que o ar impregnado pela putrefação
animal, é provável que uma das utilidades dos pulmões
é retirar um eflúvio pútrido, sem o qual, talvez,
um corpo vivo poderia apodrecer tão depressa quanto um morto.
A linguagem
utilizada por Priestley é a mesma da maioria dos médicos
da época: ele acredita que a putrefação produz um
gás ou vapor venenoso, capaz de produzir enfermidades. Priestley
comparou vários tipos de ar entre si, concluindo que o efeito da
respiração animal no ar era igual ao do apodrecimento:
O ar impregnado com putrefação
animal ou vegetal é a mesma coisa que o ar tornado nocivo pela respiração
animal (...). Que esses dois tipos de ar são, de fato, a mesma coisa,
eu concluo por eles terem as mesmas propriedades notáveis em comum,
e por não diferirem em nada que eu tenha sido capaz de observar.
Eles extinguem igualmente as chamas, são igualmente nocivos a animais,
são igualmente desagradáveis ao olfato, ambos precipitam
igualmente o carbonato em água de cal e são restaurados pelos
mesmos meios.
Priestley
tentou purificar o ar que havia se tornado mortal, através de vários
processos. Manteve o ar em contato com água pura ou salgada, durante
meses, e ao invés de notar alguma melhora, o ar parecia pior do
que antes. Como os raios solares eram considerados benfazejos, imaginou
que poderiam purificar o ar mortal. Expondo o frasco com ar nocivo à
luz, durante meses, também não foi notada nenhuma melhora.
Como
se acreditava que a queima de enxofre era capaz de impedir a propagação
das epidemias, Priestley experimentou adicionar um pouco de fumaça
de enxofre ao ar nocivo, para ver se ele melhorava; mas continuou igualmente
mortal. Tentou também aquecer o ar a uma alta temperatura, pois
acreditava-se que o fogo podia destruir os venenos do ar; mas ele continuava
mortal. |
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