Capítulo 8: Miasmas ou Microorganismos?

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Priestley observou, no entanto, que esse tipo de ar não era nocivo às plantas. Colocando ramos de menta dentro de recipientes com água e o ar nocivo, ele observou que os ramos se desenvolviam de forma vigorosa, crescendo mais depressa do que no ar comum. Imaginou então que esse ar putrefato pudesse ser benéfico e útil para as plantas, assim como os excrementos também são úteis para elas. Fez então um experimento para verificar se as plantas retiravam do ar sua parte nociva.
Para determinar isso, tomei uma quantidade de ar, que se tornara nocivo por ratos que restiraram e morreram nele. Dividia em duas partes. Uma delas foi colocada em um frasco imerso em água. Na outra (contida em um frasco de vidro, de pé sobre a água), coloquei um ramo de menta. Isso foi no início de agosto de 1771. Após oito ou nove dias, descobri que um rato vivia perfeitamente bem na parte do ar em que havia crescido o ramo de menta, mas morria no momento em que era colocado na outra parte da mesma quantidade original de ar e que eu havia mantido sob a mesma exposição, mas sem plantas crescendo dentro dela. 
Repeti várias vezes esse mesmo experimento, algumas vezes usando ar no qual animais haviam respirado e morrido, e outras vezes usando o ar impregando com putrefação vegetal ou animal. Geralmente houve o mesmo sucesso. 
         Priestley concluiu que as plantas são capazes de viver no ar pútrido e retirar do ar o eflúvio pútrido, do qual se alimentam, tornando o ar adequado para a respiração dos animais.

         Os estudos de Priestley tinham como ponto de partida a hipótese de que havia alguma semelhança entre os efeitos da respiração e os efeitos nocivos de materiais podres. No entanto, estudos posteriores levaram simplesmente à descoberta do papel do oxigênio e do gás carbônico, na respiração, e da fotossíntese nas plantas. Esses estudos não levaram, portanto, a nenhum esclarecimento das causas de enfermidades que pareciam se propagar pelo ar.

         Apesar disso, o estudo químico do ar e dos diferentes gases, no final do século XVIII, trouxe uma maior respeitabilidade às considerações sobre diferentes tipos e características da atmosfera. Compreendeu-se que uma parte do ar puro (oxigênio) é essencial para a vida dos animais e do homem; que a respiração e a combustão consomem oxigênio e produzem gás carbônico; que existem diferentes gases, que podem produzir efeitos especiais nos seres vivos. Embora muitas idéias antigas permanecessem ativas e influentes, a física e a química voltaram a ganhar um papel relevante na Medicina.

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