|
Em outros
casos, não é o deus ou deusa que atinge o homem: eles o abandonam,
deixam de protegê-lo, e ele é atingido pelos maus espíritos,
demônios, etc. "Aquele que não tem um deus, quando caminha
pela rua, o mal da cabeça o cobre como uma roupagem. Aquele que
não tem deusa guardiã, o mal da cabeça tortura seu
corpo."
Os feiticeiros
podem, através de encantamentos, lançar o demônio de
uma doença contra o corpo humano. Os demônios entram no corpo
do homem e o torturam. Há imagens desses demônios: caricaturas
humanas e de animais, com grandes dentes. Entre os demônios mais
conhecidos, há o Pazuzu, do qual o Museu do Louvre possui uma reprodução
em bronze; possui asas, que representam sua mobilidade (pág 10).
Estava associado ao vento do sudoeste. Nas costas, tem o texto: "Eu sou
Pazuzu, filho de Hanpa, rei dos maus espíritos do ar, que sai das
montanhas, violentamente, produzindo a dor".
Outro
demônio, feminino, era Lamashtu, que atacava crianças e mulheres
grávidas. Tem cabeça de leão, pés de ave de
rapina, corpo de mulher. Possui duas serpentes, aleita ao mesmo tempo um
cão e um pequeno porco que pendem de seus seios.
A terapia
era coerente com a causa atribuída às doenças. O tratamento
exigia que o deus irritado fosse acalmado, obtendo-se seu perdão
pela prece, sacrifício e oferendas. Dependendo do caso, era necessário
expulsar o demônio que tomou o corpo do doente, através de
um exorcismo.
Algumas
das oferendas destinadas aos deuses eram alimentos como pão, bebidas,
aves, carnes, leite, mel. O sacrifício podia ser uma substituição
do doente por um animal, que é entregue ao deus, em sacrifício.
Um cordeiro macho, fêmea, vivo, morto,
que ele morra, que eu viva!
Darás um porco como teu substituto. Dai sua
carne por tua carne, seu sangue por teu sangue; que ele [o deus] possa
aceitá-lo; o coração que colocaste sobre teu coração,
dai-o pelo teu coração; que ele possa aceitá-lo.
|
Desenho do demônio feminino "Lamashtu".
|
Para expulsar os demônios, além de orações,
eram utilizados remédios especiais: substâncias que desagradem
esses demônios, para que eles saiam do corpo do doente. Por isso,
muitos remédios eram terríveis e repugnantes. Utilizavam
cataplasmas de plantas podres; a fumaça mau-cheirosa de penas ou
lãs queimadas; medicamentos amargos; remédios feitos de excrementos
humanos ou de animais. |
|