Capítulo 2: Medicina Mágica e
Religiosa

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Em outros casos, não é o deus ou deusa que atinge o homem: eles o abandonam, deixam de protegê-lo, e ele é atingido pelos maus espíritos, demônios, etc. "Aquele que não tem um deus, quando caminha pela rua, o mal da cabeça o cobre como uma roupagem. Aquele que não tem deusa guardiã, o mal da cabeça tortura seu corpo."

         Os feiticeiros podem, através de encantamentos, lançar o demônio de uma doença contra o corpo humano. Os demônios entram no corpo do homem e o torturam. Há imagens desses demônios: caricaturas humanas e de animais, com grandes dentes. Entre os demônios mais conhecidos, há o Pazuzu, do qual o Museu do Louvre possui uma reprodução em bronze; possui asas, que representam sua mobilidade (pág 10). Estava associado ao vento do sudoeste. Nas costas, tem o texto: "Eu sou Pazuzu, filho de Hanpa, rei dos maus espíritos do ar, que sai das montanhas, violentamente, produzindo a dor".
 
         Outro demônio, feminino, era Lamashtu, que atacava crianças e mulheres grávidas. Tem cabeça de leão, pés de ave de rapina, corpo de mulher. Possui duas serpentes, aleita ao mesmo tempo um cão e um pequeno porco que pendem de seus seios.

         A terapia era coerente com a causa atribuída às doenças. O tratamento exigia que o deus irritado fosse acalmado, obtendo-se seu perdão pela prece, sacrifício e oferendas. Dependendo do caso, era necessário expulsar o demônio que tomou o corpo do doente, através de um exorcismo.

         Algumas das oferendas destinadas aos deuses eram alimentos como pão, bebidas, aves, carnes, leite, mel.  O sacrifício podia ser uma substituição do doente por um animal, que é entregue ao deus, em sacrifício.

Um cordeiro macho, fêmea, vivo, morto, que ele morra, que eu viva!

Darás um porco como teu substituto. Dai sua carne por tua carne, seu sangue por teu sangue; que ele [o deus] possa aceitá-lo; o coração que colocaste sobre teu coração, dai-o pelo teu coração; que ele possa aceitá-lo.


Desenho do demônio feminino "Lamashtu".
         Para expulsar os demônios, além de orações, eram utilizados remédios especiais: substâncias que desagradem esses demônios, para que eles saiam do corpo do doente. Por isso, muitos remédios eram terríveis e repugnantes. Utilizavam cataplasmas de plantas podres; a fumaça mau-cheirosa de penas ou lãs queimadas; medicamentos amargos; remédios feitos de excrementos humanos ou de animais.

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