Capítulo 2: Medicina Mágica e
Religiosa

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         O sacerdote faz com que o doente recite uma lista de pecados que pode ter cometido, como um tipo de confissão. A causa da doença pode ser uma ofensa ao deus, mas pode ser também algum tipo de ato que produziu uma impureza:
Enquanto caminhava ao longo das ruas, e dos caminhos,
ele pisou sobre uma libação que havia sido derrubada,
ou colocou o pé sobre a água suja,
ou atirou os olhos sobre a água de lavar as mãos,
ou tocou uma mulher que tinha as mãos sujas,
ou olhou para uma jovem que não tinha lavado as mãos,
ou sua mão tocou uma mulher enfeitiçada,
ou tocou um homem que não tinha lavado as mãos,
ou viu alguém que não tinha as mãos lavadas,
ou sua mão tocou alguém cujo corpo estava sujo.
         Aqui, nota-se que há um conceito de contágio mágico, já que ao tocar ou mesmo olhar para algo impuro, a pessoa também se torna impura.

         Outras possíveis causas de doença são crimes ou infrações morais, sociais e políticas, como roubar, incitar brigas, mentir, etc. Violar leis religiosas, deixar de fazer oferendas aos deuses e de invocar a deusa antes das refeições, bem como jurar em falso pelo nome do deus, eram causas certas de doença.

         Além de enviar doenças por sua vontade própria, os deuses podiam ser convocados para atacar os inimigos, através de preces e maldições como esta:

Que Sin lhe dê a hidropisia; que cubra seu corpo de lepra, como uma roupa; que Gula coloque em seu corpo um veneno que não saia; que os deuses lhe destinem a sorte de não ver, obturem suas orelhas e tornem sua boca muda.
         Uma famosa maldição desse tipo foi lançada por Hamurabi, o célebre legislador, sobre quem ousasse modificar seu Código:
Que Ninkarrak caia sobre ele, até que ela tome sua vida, [lhe produza] uma do-ença grave, uma peste maligna, uma ferida perigosa que não possa ser curada, da qual o médico ignore a natureza, que não se possa acalmar com um curativo.
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