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As causas externas mediatas
são duas, uma inferior, e superior a outra; a inferior são
vapores levantados da terra, suas cavernas e inquinamentos; a superior
é uma qualidade furibunda mandada do Céu pelas causas que
o Altíssimo sabe, que pela maior parte se vê nas desordens
das tempestades, e tempos com excessos de sol e chuva.
Sabemos, através dos escritos do frei Domingos do Loreto Couto,
que havia diversas explicações para a doença. Alguns
acreditavam que a causa era a existência de barricas de carne podre
no navio que chegou com o mal. Aparentemente, todas as teorias da época
foram aventadas:
Dos Professores, uns
diziam que aquela peste era uma podridão animada , inimiga e destruidora
de todas as forças e ações da vida; diziam outros
ser um levedo e fermento contagioso, ou um corpúsculo venenoso,
cujas causas remotas eram os malignos influxos celestes causados pelos
eclipses do Sol e Lua que haviam precedido; ou os corruptos vapores, que
saindo das barricas de carnes podres infeccionavam os ares.
Ninguém parece ter sugerido a explicação atual: uma
doença transmissível, que se propaga pelas picadas de mosquitos.
Partindo de sua análise, Rosa recomendou uma campanha sanitária,
que era bastante racional se admitirmos sua hipótese básica:
a de que havia uma infecção do ar, causadora da doença,
que devia ser atacada por todos os meios.
Segundo as medidas recomendadas por Rosa, era necessário acender
fogueiras em todas as ruas e perfumar o ar da cidade com ervas, durante
30 dias. Todos os moradores deviam caiar, limpar e esfregar suas casas,
retirar "imundície, corrupção ou mau cheiro que prejudique
a saúde", perfumando as residências com ervas cheirosas, vinagre,
etc. As ruas deviam ser varridas todos os dias; os escravos deviam lançar
todas as imundícies das casas no rio; ficou proibida e estabelecida
uma multa para qualquer pessoa que fizer imundícies na praia, sem
a lançar no rio. |
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