Capítulo 6: Do Período das Grandes Descobertas ao Século XVIII

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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   Seja no caso em que os intestinos ocultos da terra sofram várias mudanças, de modo que o ar se tinge pelos vapores que daí exalam; ou se a atmosfera mudar por alguma alteração induzida por qualquer conjunção peculiar dos corpos celestes; a verdade é que em certas épocas o ar se enche de partículas que são hostis à economia do corpo humano.
         Segundo Sydenham, as partículas da atmosfera entram no corpo, se misturam ao sangue e "tingem toda a estrutura com o contágio da enfermidade".

         Na tradição hipocrática e galênica, a enfermidade se manifestava por um desequilíbrio dos humores; durante a cura, era necessário que fosse eliminado humor que estivesse em excesso ou cuja qualidade fosse defeituosa. No entanto, Sydenham notou que isso nem sempre acontecia. Ele utilizava nas febres um remédio que havia sido trazido da América - o quinino - e verificou que ele curava a malária sem que houvesse a eliminação de qualquer tipo de evacuação de humores. Esse fato era difícil de explicar pelas antigas teorias. Sydenham supôs que a cura da enfermidade não se dá pela eliminação dos humores anômalos do corpo, mas pela expulsão das partículas que produzem a doença.

[A praga] é uma complicação dos sintomas os quais a natureza coloca em jogo para que, através de aliminações naturais, ou como abcessos ou pela ajuda de alguma outra erupção, ela possa expelir do corpo essas partículas infecciosas que tomamos com o ar que respiramos.
         Os fluidos do corpo doente contêm essas partículas infecciosas, e portanto "podem ter o papel de venenos, pela influência de algum contágio venenoso".

         Sydenham acreditava na existência de diferentes tipos de enfermidades epidêmicas: cada uma delas estaria associada a um tipo de partículas infecciosas. Uma das evidências disso era, mais uma vez, o efeito do quinino, que era capaz de curar a malária, mas não as outras febres. A opinião mais comum na época, no entanto, era a de que "a febre" podia se manifestar de diferentes modos, mas que não existiam enfermidades diferentes específicas.

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