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Esses pequenos vermes ou insetos, no entanto, eram puramente hipotéticos.
Ninguém sequer tentou observá-los. Eram, portanto, semelhantes
aos germes de Fracastoro.
Embora essas idéias se tornassem conhecidas e fossem aceitas por
alguns autores, não foram adotadas pela maioria da comunidade médica.
De um modo geral, continuava-se a aceitar que a atmosfera podia ser portadora
de certas partículas ou emanações causadoras de doenças,
mas não se interpretava essas partículas como germes vivos.
Pouco depois da divulgação do trabalho de Kircher, Thomas
Sydenham (1624-1689) publicou um livro sobre as "febres". Nessa época,
esse era o nome dado a um conjunto de enfermidades epidêmicas, muitas
delas associadas à proximidade de pântanos - incluindo a malária.
Elas eram caracterizadas pela periodicidade: a febre terçã,
por exemplo, era aquela que reaparecia a cada três dias. |
Ilustração da peste que assolou roma em 1711.
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Sydenham estudou durante 15 anos (de 1661 a 1676) o clima e as doenças
de Londres. Concluiu que não era possível explicar apenas
pelo calor e frio, umidade e secura, as enfermidades que surgiam a cada
ano. Elas pareciam ter alguma regularidade, mas de outra origem. Sydenham
toma então o conceito de "constituição" utilizado
por Hipócrates para caracterizar as epidemias, e lhe dá um
novo significado.
Existem diferentes constituições
em diferentes anos. Elas não se originam em seu calor ou frio, sua
umidade ou secura; mas dependem de certas mudanças ocultas e inexplicáveis
que ocorrem dentro das entranhas da terra. Pelos seus eflúvios,
a atmosfera fica contaminada e os corpos dos homens se predispõem
e determinam, conforme o caso, a esta ou aquela enfermidade.
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