Capítulo 6: Do Período das Grandes Descobertas ao Século XVIII

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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Respirados mais tarde, eles impregnam o humor latente interno misturando sua própria substância nele. Daí vem que no próprio contato inicial - especificamente, no contato com a oleosidade - após encontrar seu caminho através dos poros das mãos e dos dedos, eles comunicam sua virulência àquele que estabeleceu contato com eles. Ou então, quando as pessoas usam roupas contaminadas por tal prole, esses, ativados pelo calor e absorvidos pelos poros da pele em alguma parte do corpo ou pela inalação do ar, produzem os mesmos exatos efeitos aos quais tais indivíduos estão expostos, por causa da grande periculosidade da praga para eles.
         A exposição de Kircher não é totalmente clara, mas podemos perceber vários aspectos em sua hipótese:

a) o cadáver de uma pessoa morta por uma doença é decomposto e apodrece por causa do veneno que o matou;

b) o corpo que começa a apodrecer desprende uma exalação, que se pode perceber pelo seu mau cheiro, que é constituída por partículas invisíveis;

c) essas partículas invisíveis representam, em miniatura, o corpo do qual se originaram, e possuem as suas propriedades;

d) por isso, essas partículas possuem as mesmas propriedades virulentas do veneno que matou a pessoa, que está produzindo o seu apodrecimento e que produz o aparecimento de vermes no seu interior;

e) essas partículas podem ser consideradas vivas, pois elas podem também produzir novos vermes, nos materiais em que penetrarem;

f) as partículas podem ser inaladas pela respiração, produzindo o contágio da doença, já que elas contêm todas as propriedades do cadáver;

g) ao invés de vermes, as partículas podem produzir pequenos germes (sementes), que ficam nos corpos porosos (tecido, madeira, etc.);

h) esses germes podem depois penetrar nas pessoas pela respiração ou pelos poros da pele e reproduzir a doença e a morte.

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