Capítulo 6: Do Período das Grandes Descobertas ao Século XVIII

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Kircher indica que, embora essas coisas pareçam inacreditáveis, quem tiver presenciado experimentos com microscópios, ficará certo de sua verdade. Mas ele não descre-ve tais experimentos. Pelo contário: logo em seguida, apresenta como fundamentação de suas idéias, a menção da suposta geração espontânea de animais. Ele descreve que nas cavernas e porões, a partir da corrupção e de "refugos virulentos", a terra produz todos os tipos de insetos, animais venenosos como cobras e lagartos, etc. Afirma também que o mesmo ocorre pelo efeito do calor sobre águas estagnadas, lagos e mares. "A experiência diária ensina, tanto em viagens marítimas como entre as paredes de nossas casas, que a água, fechada em um recipiente, logo que é exposta se enche de vermes". Da mesma forma, o aparecimento de vermes nos cadáveres e nas pessoas doentes seriam evidências das idéias de Kircher:
Alguém ignora que, dentro das vísceras do corpo humano, a partir da destruição causada por alimentos estragados, logo surgem muitos vermes? 
         Logo em seguida, Kircher retorna à questão das enfermidades contagiosas. 
Assim que os espíritos internos de um homem são perdidos, com seu calor natural, o veneno produtor da praga, que ele atraiu e absorveu, dirige seu humor natural à corrupção, por sua virulência. Depois disso segue-se um fedor pelo qual são corrompidos aqueles que se aproximam do pobre homem ou de roupas já infectadas por essa exalação. A exalação, no entanto, nada mais é do que uma evaporação do humor que está sendo destruído. Essa evaporação (composta realmente por inúmeros pequenos corpos imperceptíveis) logo se expande quando atinge o ar livre e infecta tudo em volta pelo poder virulento de seu contágio. Esses pequenos corpos ou são respirados para dentro do corpo, ou rastejam para dentro de seus lugares internos mais ocultos entre as roupas, e logo produzem na pessoa os mesmos efeitos que naquele de onde sairam (pois eles possuem o mesmo poder virulento que está na matéria em destruição da qual são partículas).
   Em cadáveres, onde todo o corpo realmente se dissolve na destruição, essas emanações de pequenos corpos não infectam tanto os que estão próximos. Mas eles se transformam em germes animados de pequenos animais diminutos e imperceptíveis. Esse germe permanece por um tempo nos objetos de madeira, tecidos e roupas, assim como em outros tipos de matéria porosa ou matéria de baixa densidade.
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