Capítulo 6: Do Período das Grandes Descobertas ao Século XVIII |
HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS |
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Kircher supõe que a partir de todas as substâncias - até
mesmo metais, pedras preciosas e outros minerais, vegetais ou animais -
saem emanações com suas propriedades. Essas partículas
saem principalmente por causa do calor ou fricção, e podem
retornar ao corpo se ele for resfriado.
Apesar dessa evaporação contínua dos corpos, eles não diminuem de tamanho, pois "as partículas do ar próximo substituem as que sairam, por causa de uma certa atração natural, e se transformam em um germe da substância nativa do composto" - isso é, o ar adere ao corpo e adquire suas propriedades, deixando de ser ar. Kircher aplica essa idéia para explicar o contágio das enfermidades. Quando uma pessoa ou animal morre, o corpo é dominado pelo poder que causa sua deterioração e que produz o aparecimento de vermes e da putrefação. Esse poder produz, como todas as outras coisas, um tipo de emanação em volta do corpo, constituída por pequenas partículas. Essas partículas possuem o poder característico da putrefação e da produção de vermes. O maior poder desse tipo de contágio se manifesta nos cadáveres. Pois, depois que o calor nativo se foi e o domínio dos espíritos naturais foi superado, e quando apenas prevalece a destruição no corpo sem vida, ocorre a seguinte situação: o poder de jurisdição sobre o corpo é agora exercido por aquela coisa que, expalhando-se a todos os órgãos internos e externos, faz o cadáver como um todo se dissolver e destruir. Por trás dessa destruição estão as verdadeiras sementes da praga. E estas, ativadas pelo efeito maléfico da destruição, de dentro e de fora, ou do calor que reside no ar em volta, são propelidas em todas as direções pelas emanações de pequenos corpos acima referidas e logo espalham o contágio em proporção à sua quota de vigor e eficácia. Seja a matéria desses pequenos corpos dotada ou não de vida, logo, pela ação do calor que os banha e que já está infectado com uma sujeira semelhante, separam-se germes incontáveis de pequenos vermes imperceptíveis. Com certeza nascerá um número de vermes igual ao dos pequenos corpos que são transportados com as emanações e por isso pode-se dizer que a emanação é animada, e não lhe falta vida. |
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CRONO LOGIA |