Proposta para o desenvolvimento da área de História da Ciência, no Brasil, e para a SBHC

APRESENTAÇÃO

Prezados historiadores da ciência,

    Está terminando o mandato da atual Diretoria da Sociedade Brasileira de História da Ciência (SBHC) e em breve será realizada a eleição Clique sobre a imagem para abrir o documento, para a qual pretendo me candidatar, juntamente com alguns colegas. Nesta situação, eu gostaria de  apresentar-lhes uma proposta de trabalho para esta Sociedade e para o desenvolvimento da área de História da Ciência no país – uma proposta que só poderá ser colocada em prática com a colaboração ativa, não apenas da Diretoria, mas da grande maioria dos pesquisadores da nossa área.

    Desde o ano passado, surgiram novas perspectivas para a área, graças a diversas iniciativas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq):

• Formação da comissão que elaborou o documento sobre a Política Nacional de Memória da Ciência e da Tecnologia (Comissão Especial constituída pela Portaria 116/2003 do Presidente do CNPq em 04 de julho de 2003) Clique sobre a imagem para abrir o documento;

• Criação de um Comitê Temático de História da Ciência no CNPq Clique sobre a imagem para abrir o documento;

• Lançamento de um Edital de um milhão de reais para projetos relativos à Preservação e Pesquisa da Memória Científica e Tecnológica Brasileira (Edital CT-INFRA/MCT/CNPq - 003/2003) Clique sobre a imagem para abrir o documento;

• Aprovação do convênio entre o CNPq e a Biblioteca Nacional / Ministério da Cultura para o desenvolvimento da coleção "Memória do Saber" Clique sobre a imagem para abrir o documento.

    Essas iniciativas ocorreram graças ao esforço do Vice-Presidente do CNPq, prof. Manuel Domingos Neto (que está também se dedicando à criação do Centro de Memória do CNPq), com o apoio do Presidente do CNPq, prof. Erney Plessmann de Camargo. Graças ao esforço do prof. Domingos, podem surgir novas importantes oportunidades para o desenvolvimento da história da ciência, da tecnologia e da medicina no país. É um momento em que a comunidade de historiadores da ciência e, em particular, a Sociedade Brasileira de História da Ciência, precisa se mobilizar para participar de forma ativa do planejamento de um efetivo desenvolvimento para a área.

    Minha percepção atual é a de que, a nível nacional, a área está fragmentada e desestruturada. Existem pesquisadores, existem grupos de pesquisa, existem cursos de pós-graduação, existem projetos, existem eventos, são publicadas revistas – mas não há um esforço de coordenação dos esforços isolados, nem há um planejamento conjunto para o desenvolvimento de nossa área de pesquisa nos próximos anos.

    Quero recordar que, em 1987-1988, foi possível desenvolver um trabalho de planejamento que mobilizou os principais grupos e pesquisadores do país para a elaboração do projeto “Programa Nacional de História das Ciências e da Tecnologia” (PRONAHCT) Clique sobre a imagem para abrir o documento. Infelizmente, depois de aprovado pelo CNPq, o PRONAHCT foi desativado. Desde então, nunca houve um esforço semelhante da comunidade nacional de história da ciência para planejar o desenvolvimento da área e para sensibilizar os órgãos de fomento para a necessidade de apoiar tal desenvolvimento.

    Mais de 15 anos após o PRONAHCT, neste momento especial em que podemos contar com o apoio do CNPq e em que novas oportunidades estão se abrindo, parece o momento adequado para fazer um novo esforço – desta vez, com excelentes chances de sucesso – para que a História das Ciências possa se firmar definitivamente no país, adquirir um status compatível com sua importância e contribuir para o desenvolvimento nacional.

    Durante esses 15 anos, certamente houve avanços na área, com a criação de revistas, desenvolvimento de grupos e de cursos de pós-graduação. Tem sido conseguida uma melhora qualitativa e quantitativa dos grupos e pesquisadores e foram obtidas boas condições de pesquisa nos principais grupos, com melhoras de infraestrutura. Parece-me que cada pesquisador e cada grupo tem se preocupado principalmente com seu próprio desenvolvimento – o que é bom – mas é preciso também se preocupar com as necessidades nacionais. É necessário romper esse isolamento e trabalhar de modo integrado.

    A Sociedade Brasileira de História da Ciência precisa se reestruturar, para poder assumir um papel de liderança neste momento. Há muitos tipos de problemas. Um deles é a existência de problemas contábeis na SBHC, que tornam impossível, no momento, realizar convênios e receber verbas governamentais. Faz-se também necessário reformar o Estatuto da Sociedade, para adequá-lo às recentes mudanças de legislação. Mas esses não são grandes problemas e é possível resolvê-los rapidamente. A principal necessidade é dinamizar a SBHC, fazer com que ela participe efetivamente do planejamento e desenvolvimento da área, coordenando atividades dos diversos grupos e pesquisadores e tendo um forte papel nas novas oportunidades que estão se abrindo.

    Há um grande conjunto de problemas e de oportunidades que precisam ser analisadas e levadas em conta em um planejamento de médio prazo para a História da Ciência, no Brasil. A seguir, apresento algumas considerações e sugestões de pontos para discussão, que podem nortear o trabalho que temos pela frente.

POLÍTICA NACIONAL DE MEMÓRIA DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA

    O documento sobre Política Nacional de Memória da Ciência e da Tecnologia foi elaborado após discussão com grande número de pesquisadores e representantes de grupos Clique sobre a imagem para abrir o documento. Agora, que o CNPq já distribuiu mil exemplares do documento, é o momento adequado para dar um passo adiante e procurar contribuir para a concretização dessa política, fazendo sugestões específicas, iniciando ações e aproveitando as oportunidades que se abrem.

    Se não houver mobilização adequada, esse documento será esquecido dentro de alguns anos. Se houver uma boa mobilização, ele será o ponto de partida para uma mudança profunda em todas as universidades, nos institutos de pesquisa, em grande parte dos ministérios, e também no setor produtivo, com a criação de centros de memória científica e tecnológica Clique sobre a imagem para abrir o documento, possibilitando abertura de novas oportunidades de trabalho, oferecendo especialmente oportunidades para os historiadores da ciência. É claro que isso não depende apenas da SBHC; mas sem uma forte movimentação da comunidade de história da ciência, poderemos perder uma oportunidade que talvez não se repita, se não for aproveitada agora.

    Colaborando com o CNPq, a SBHC poderia (e deveria, em minha opinião) sugerir as estratégias para a efetiva implementação da Política Nacional de Memória da Ciência e da Tecnologia. Poderá fazer recomendações sobre a estrutura dos centros de memória científica e tecnológica nas universidades e centros de pesquisa (e depois em indústrias, etc.); poderá participar na organização de cursos para treinamento de profissionais desses centros; e poderá liderar muitas outras atividades que se fazem necessárias para o desenvolvimento desse importantíssimo projeto, firmando a área de História da Ciência no país, e contribuindo positivamente para a preservação e pesquisa em grande escala da memória nacional Clique sobre a imagem para abrir o documento. Percebe-se que tal tipo de iniciativa é a única que, a curto prazo, poderá possibilitar uma enorme expansão do mercado de trabalho para os jovens que atualmente se iniciam na área.

EDITAL DE PRESERVAÇÃO E PESQUISA DA MEMÓRIA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA BRASILEIRA

    É conveniente discutir também aqui o Edital de um milhão de reais para projetos relativos à Preservação e Pesquisa da Memória Científica e Tecnológica Brasileira lançado pelo CNPq em 2003Clique sobre a imagem para abrir o documento, e que deverá se repetir (com recursos ampliados) em 2004.

    Observou-se, no caso, uma grande demanda de auxílios. O valor total de pedidos foi dez vezes maior do que o valor disponível para aprovação. O comitê que analisou os pedidos elaborou um relatório detalhado sobre o processo de avaliação Clique sobre a imagem para abrir o documento, fazendo recomendações e apontando falhas observadas em muitos dos projetos. Esse relatório, infelizmente, não foi ainda amplamente divulgado.

    No caso do Edital de 2003, cada pesquisador ou grupo se dedicou isoladamente à elaboração de seus projetos. Não houve uma tentativa de discussão ampla, a nível nacional, a respeito de metas e prioridades – e nem teria havido tempo para isso. No entanto, passado esse primeiro momento, e pensando agora no futuro, há diversas ações que devem ser executadas. Nesta e em outras ocasiões, a SBHC deve se manifestar formalmente, junto ao CNPq e outros órgãos, pleiteando um aumento dos recursos para os próximos editais, considerando a alta demanda observada. Deve também iniciar um trabalho de divulgação e articulação, em nível nacional, para que os próximos projetos obedeçam a um melhor padrão de qualidade, evitando falhas observadas no edital de 2003. Além disso, a Sociedade deve discutir prioridades e metas nacionais, de modo a auxiliar tanto a elaboração de projetos quanto os julgamentos dos mesmos.

    Os vários projetos encaminhados em 2003 são iniciativas individuais; mas de seu sucesso depende o desenvolvimento da área. Por isso, a SBHC deveria realizar uma reunião com os proponentes que tiveram projetos aprovados, para discutir, avaliar o trabalho que está sendo realizado e planejar ações futuras; e o mesmo deve ser feito com aqueles que já encaminharam projetos em 2003 (e que não foram contemplados) e os que pretendem encaminhar novos projetos, no futuro.

    Neste e em outros casos semelhantes, a SBHC deve se posicionar frente às iniciativas do CNPq e participar ativamente das mesmas.

COLEÇÃO “MEMÓRIA DO SABER”

    Está em andamento o maior projeto editorial já realizado no Brasil de obras sobre história da ciência e da tecnologia nacionais, a coleção “Memória do Saber”, que será desenvolvida sob a forma de uma colaboração entre o CNPq e a Fundação Biblioteca Nacional Clique sobre a imagem para abrir o documento. A comunidade de historiadores da ciência estará representada nesta iniciativa através de muitos pesquisadores, mas não através da SBHC. Essa situação não pode mais ser revertida, no momento.

    No entanto, é provável que, se a situação contábil da SBHC for regularizada, seja possível participar, como parceira, de outras iniciativas futuras. A coleção “Memória do Saber”, embora não seja um conjunto de biografias, está centralizada em personagens representativos. Pode-se pensar em outros conjuntos de obras que complementem essa Coleção, com outros enfoques – por exemplo, apresentando a história das principais instituições de ensino e pesquisa do país e das agências de fomento.

    Há também uma idéia em gestação, recentemente comunicada pelo prof. Domingos, de elaboração de um Dicionário Brasileiro de História da Ciência e da Tecnologia, com um enfoque diferente da coleção “Memória do Saber”, e que a complementaria.

    No caso de todas essas iniciativas, a SBHC deveria articular-se para contribuir positivamente e para ser uma parceira efetiva no trabalho, coordenando os esforços dos pesquisadores interessados em participar dos projetos e gerenciando importantes verbas que serviriam para reerguer a Sociedade. No caso da coleção “Memórias do Saber”, a Fundação Biblioteca Nacional receberá todos os recursos do projeto (alguns milhões de reais) que irá repassando aos pesquisadores responsáveis pelos vários volumes. Como contrapartida por sua participação, a própria Biblioteca Nacional irá se beneficiar, financeiramente (de forma merecida), com o projeto. Se, em algum projeto futuro, a SBHC for a parceira do CNPq, isso será (entre outros resultados) uma importante fonte de recursos financeiros tão necessários para a Sociedade.

COMITÊ TEMÁTICO DE HISTÓRIA DA CIÊNCIA NO CNPQ

    A criação do Comitê Temático de História da Ciência Clique sobre a imagem para abrir o documento do CNPq foi uma importante vitória da área, que estava se vendo prejudicada nos julgamentos de bolsas e auxílios por parte do Comitê de História, como é de conhecimento geral Clique sobre a imagem para abrir o documento. É importante consolidar e ampliar essa conquista.

    Em minha opinião, a SBHC deve tomar uma atitude forte, em relação a esse ponto. Deve-se lutar para a criação de uma área separada e de comitês de História da Ciência (ou mais ampla, incluindo Filosofia, História e Sociologia da Ciência e da Tecnologia Clique sobre a imagem para abrir o documento) em todos os órgãos de apoio à pesquisa. Enquanto isso não ocorrer, a área ficará fraca, dependente, e qualquer aporte mais vultuoso de recursos poderá ser desviado para outras áreas da História. Na situação atual, se um órgão de financiamento à pesquisa colocar à disposição de um Comitê de História uma grande verba, esse comitê dificilmente destinará uma parte significativa dos recursos à História da Ciência.

    Na situação atual, a existência do Comitê Temático no CNPq é um caso isolado e temporário, e esse Comitê não participa (enquanto Comitê) nas decisões dos pedidos de fluxo contínuo recebidos por aquele órgão. Enquanto o Comitê não for consolidado e tornado permanente, há o risco de retornar à situação anterior.

    Com um forte apoio institucional da SBHC (e da comunidade de historiadores da ciência) à criação de comitês específicos de história da ciência e da tecnologia (ou de História, Sociologia e Filosofia da Ciência) nos vários órgãos de financiamento (como CAPES e Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa), a atual oportunidade poderá servir de alavanca para um grande salto da área, que adquirirá maior visibilidade, respeitabilidade e certamente muito mais recursos financeiros e bolsas. Nossa área só será valorizada se tiver uma relativa independência em relação às outras áreas.

A HISTÓRIA DA CIÊNCIA E A EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS

    Uma das importantes aplicações da História das Ciências é no ensino, como todos sabem. Em diversos países, como na Grã-Bretanha, já está institucionalizado o uso da história e da filosofia da ciência no ensino secundário.

    Os recentes Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Médio Clique sobre a imagem para abrir o documento abriram uma importante brecha para a introdução da história da ciência no ensino. Há diversos cursos de pós-graduação em Ensino de Ciências e em Educação Matemática que estão desenvolvendo aplicações de história e filosofia da ciência à educação científica.

    A aplicação da história da ciência ao ensino é um campo de trabalho ao qual a Sociedade Brasileira de História da Ciência deve dedicar maior atenção, por dois motivos principais. Primeiramente, porque se trata de uma aplicação de interesse social, que pode representar uma importante retribuição dos pesquisadores à sociedade que os sustenta. Em segundo lugar, porque esse campo de trabalho abre novas oportunidades profissionais para os jovens historiadores que estão se formando.

    Assim, acredito que a SBHC deve ajudar a criar uma ampla mobilização para o desenvolvimento desse tipo de aplicação, colaborando com os cursos de pós-graduação e grupos existentes, participando (como instituição) dos congressos específicos de ensino de ciências e de matemática, e mais do que isso – colaborando para que o nível dos trabalhos desse tipo seja elevado. Infelizmente, muitas das pessoas bem intencionadas que desejam utilizar a história e a filosofia das ciências na educação não possuem formação adequada, não conhecem boas obras sobre o assunto, e utilizam uma visão ultrapassada e distorcida sobre a história e filosofia das ciências. A SBHC poderia contribuir para o aprimoramento da área de ensino de muitas formas diferentes: promovendo eventos e cursos para atualização de professores; organizando um programa de traduções de boas obras sobre história das ciências e sobre suas aplicações ao ensino; e estimulando a interação entre os pesquisadores de história da ciência e os educadores.

    É necessário também participar de um trabalho de estímulo ao ensino de história das ciências em nível universitário. Isso pode ser feito de várias formas. Por um lado, é necessário procurar exercer uma influência sobre o MEC, enfatizando a importância da história das ciências, aproveitando a oportunidade aberta pelos Parâmetros Curriculares Nacionais. Por outro lado, é necessário criar uma demanda nas universidades, fazendo com que os professores e alunos se interessem mais pela história das ciências. Isso pode ser feito através do oferecimento de cursos de extensão itinerantes, mini-eventos regionais, cursos de formação de professores e muitas outras iniciativas. É necessário desenvolver também uma política mais agressiva de contato com outras Sociedades, de modo a abrir espaço para a história das ciências nos congressos científicos, oferecendo mini-cursos e palestras que despertem o interesse dos professores e estudantes, criando uma demanda de cursos na área.

    Por outro lado, é necessário desenvolver um trabalho mais intenso de formação de professores de história das ciências – não apenas através de cursos de pós-graduação stricto sensu, mas também através de cursos de curta duração (especialização, aperfeiçoamento, reciclagem). Com a colaboração das sociedades científicas, podem ser criadas Escolas de História da Física, da Psicologia, da Química, da Geografia, etc., que podem ser oferecidas em períodos de férias escolares, em diferentes regiões do país.

    Outro tipo de ação que poderia produzir grande impacto seria a realização, por parte da SBHC, de análises críticas de conteúdos de história da ciência em livros didáticos, a exemplo do trabalho de crítica conceitual dos livros didáticos de ciências, que tem sido promovido pelo MEC. Existem muitas teses, artigos e estudos sobre o modo como a história e a filosofia da ciência são apresentados nos livros didáticos, mas o que se propõe aqui é algo completamente diferente: uma comissão formada pela SBHC (ou várias comissões) poderia analisar criticamente os livros didáticos científicos mais utilizados, divulgando depois os pontos fracos encontrados e fazendo sugestões.

EXPANSÃO DA SBHC

    Existe um grande número de professores de história da ciência, bem como pesquisadores que declaram, em seus currículos Lattes, que trabalham com história da ciência, mas que não fazem parte da SBHC. Há, também, muitas pessoas que foram sócios da SBHC e se afastaram da Sociedade por diversos motivos. O fortalecimento de nossa Sociedade exige um aumento do número de sócios, tanto filiando pessoas que nunca se aproximaram da SBHC, como recuperando sócios antigos.

    Quanto mais dinâmica se mostrar a Sociedade, mais fácil será atrair sócios novos e antigos. É necessário garantir também uma efetiva participação dos sócios, de todo o país, de todas as linhas de trabalho, de todas as instituições. Todos os conflitos entre pesquisadores e grupos devem ser superados, para que haja um forte movimento coletivo tendo em vista o bem comum da área, seu fortalecimento e aperfeiçoamento, e produção de resultados úteis para o país.

    Além da necessidade de ser fortemente representativa, incluindo entre seus membros a grande maioria dos professores, estudantes e pesquisadores de história das ciências, a SBHC deve se relacionar com outras sociedades e grupos que tenham interesses comuns (por exemplo, sociedades de história, arquivologia, biblioteconomia, museologia, política científica e tecnológica e outras sociedades científicas e profissionais) de modo a promover atividades conjuntas e obter uma integração com todos os parceiros que possam contribuir para o desenvolvimento harmonioso da área. Uma das estratégias possíveis é participar, enquanto entidade, de congressos dessas áreas. Outra estratégia é estimular as diversas sociedades científicas e preservarem sua própria memória, e auxiliar no planejamento dessa tarefa.

CRIAÇÃO DE UMA REDE NACIONAL DE INFORMAÇÕES

    A expansão da SBHC deve se dar não apenas através do aumento de sócios e relacionamento formal com outras instituições, mas principalmente através de um trabalho efetivo de divulgação e colaboração.

    Partindo, inicialmente, do Currículo Lattes, deve ser constituída uma base de dados (que deve ficar disponível na Internet) que permita localizar os trabalhos publicados, as teses orientadas, os grupos e pesquisadores individuais que se dedicam a todos os temas relacionados com história das ciências, os bolsistas atuais e antigos, os projetos já desenvolvidos e em andamento, etc. Isso pode ser feito a curto prazo, com baixíssimo custo. Como nem todos os historiadores da ciência possuem currículos na base Lattes, será necessário obter, também, informações diretamente com os próprios pesquisadores.

    As informações obtidas a partir do Currículo Lattes deverão depois ser complementadas e atualizadas pelos próprios grupos e pesquisadores, com a adição de “links” e de textos digitais. Deve ser criado um excelente “site” que aponte as páginas da Internet existentes, de todos os grupos e pesquisadores.

    A médio prazo, deve ser feito um esforço para criar uma grande biblioteca digital pela qual os usuários da Internet possam ter acesso ao texto completo de artigos e teses de história da ciência Clique sobre a imagem para abrir o documento e de livros esgotados (com autorização dos autores e editoras). Essa biblioteca digital não precisa ficar fisicamente concentrada em um único servidor WWW. Pode ficar distribuída em diversas instituições do país, mas deve haver um acesso unificado a todas as informações e links. No caso de historiadores da ciência aposentados ou falecidos, deve ser feito um esforço para digitalizar e colocar na Internet suas publicações, ou pelo menos uma boa amostra das mesmas, no próprio “site” da SBHC. No caso de pesquisadores ativos cujas instituições tenham dificuldade em criar bibliotecas virtuais, a própria SBHC deve também ser capaz de auxiliar, digitalizando e colocando na rede pelo menos uma seleção de suas publicações mais significativas (por exemplo, aquelas que são destacadas nos currículos Lattes como sendo as mais importantes contribuições do pesquisador).

    Além disso, a rede nacional de informações sobre história das ciências e das técnicas deve centralizar informações sobre recursos de pesquisa (arquivos, bibliotecas, museus) e sobre atividades importantes em outros países, bem como divulgar notícias da área, através de um boletim eletrônico ágil e permanente, cujas edições esgotadas sejam também disponíveis através de um arquivo eletrônico.

    A médio prazo, é importante criar um cadastro nacional unificado com informações sobre o patrimônio científico e tecnológico histórico brasileiro, no qual seja possível localizar documentos, iconografia, instrumentos científicos antigos, etc. Para isso, deve haver uma integração da SBHC com iniciativas internacionais de bancos de dados relativos a arquivos, museus, instrumentos científicos, etc. Clique sobre a imagem para abrir o documento

CONVÊNIOS E COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

    A SBHC deve assumir um papel importante no estabelecimento de contatos internacionais que beneficiem o desenvolvimento da área, no Brasil. Isso pode se dar de muitas formas diferentes, como os exemplos indicados a seguir.

    Embora a área já tenha atingido um bom nível no nosso país, é importante fazer uso da possibilidade de enviar estudantes a centros de excelência no exterior. Isso deve ser feito de modo planejado, escolhendo-se de forma objetiva quais são os melhores núcleos de pós-graduação em história da ciência no exterior, estabelecendo contatos com os mesmos, obtendo uma quota de bolsas da CAPES e do CNPq para tais cursos, divulgando amplamente a oportunidade e fazendo uma seleção rigorosa dos melhores candidatos do Brasil para serem enviados ao exterior. Tal tipo de procedimento não impede que continuem a existir iniciativas individuais e de grupos, mas deve complementar tais iniciativas, dentro de um planejamento nacional.

    Além de enviar estudantes para os melhores centros de formação do exterior, devem ser trazidos, de forma planejada, importantes profissionais do exterior, com formações e abordagens diversificadas, que possam contribuir de forma intensa e ampla para o aperfeiçoamento dos profissionais brasileiros, através de cursos de curta duração, associados ou não a um programa de pós-graduação, mas abertos a um público amplo. Os convites devem obedecer a rigorosos critérios de excelência e de interesse para o desenvolvimento da área. Jamais pode ser admitida a atitude de trazer pessoas do exterior em um processo de troca de favores. Também não se deve estimular uma dependência em relação aos pesquisadores e instituições do exterior. Trata-se de utilizar os serviços de instituições e pesquisadores do exterior de acordo com os interesses nacionais.

    Embora devam ser admitidas iniciativas individuais e de grupos, deve haver um esforço, por parte da SBHC, para o estabelecimento de convênios e colaboração internacional que estejam de acordo com um planejamento nacional de desenvolvimento da área e que possam beneficiar muitas instituições ao mesmo tempo. É importante também incluir em nosso  intercâmbio com países da América Latina, o estabelecimento de uma política de desenvolvimento regional da área, em colaboração com a Associação de Filosofia e História da Ciência do Cone Sul (AFHIC) Clique na figura para abrir documento com mais detalhes, com a Sociedade Latino-Americana de História da Ciência e da Tecnologia (SLHCT) e com sociedades nacionais dos outros países.

    Dada a especial afinidade histórica entre Brasil e Portugal, a cooperação entre os dois países deve ser estimulada, e devem ser criados projetos conjuntos – por exemplo, de microfilmagem / digitalização do acervo de livros e periódicos antigos de Portugal e Brasil. Tal tipo de projeto, que poderia receber apoio dos dois governos e trazer grande visibilidade internacional à SBHC, não parece de difícil financiamento.

    Além disso, a SBHC deve coordenar a participação nacional em atividades internacionais, como por exemplo no Congresso Internacional de História da Ciência promovido pela International Union of History and Philosophy of Science. Embora devam ser admitidas iniciativas individuais de participação, é importante um esforço institucional nacional para que haja uma representação forte do Brasil neste e em outros congressos, de tal forma que o país fique bem representado, sob o ponto de vista qualitativo, e possa haver um reconhecimento internacional do avanço da área em nosso país.

CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO E DESTINO DOS ESTUDANTES

    Embora a criação e manutenção de cursos de pós-graduação de história da ciência (e outros em que há fortes atividades relacionadas à história da ciência, como os de ensino de ciências e educação matemática) seja uma questão interna das várias universidades envolvidas, a SBHC não deve se manter à parte desse processo. Deve ser criada uma comissão na SBHC para o apoio da pós-graduação, que favoreça a integração dos vários cursos existentes, de modo que possam ser trocadas experiências, estimulado o intercâmbio, discutidos problemas comuns, direcionadas iniciativas coletivas e desenvolvidas diretrizes e sugestões para a criação de novos cursos.

    A Sociedade deve se empenhar em auxiliar na obtenção de melhores condições para que os cursos de pós-graduação se desenvolvam, cresçam, tenham um nível cada vez melhor, e formem novos profissionais altamente qualificados. Além de se pensar no aperfeiçoamento dos cursos existentes, deve-se pensar na criação de outros, bem como estimular e organizar o oferecimento de cursos de aperfeiçoamento e especialização em locais menos favorecidos.

    A comissão de pós-graduação da SBHC deve também se preocupar com os estudantes da área, de várias maneiras: planejando o envio de estudantes para o exterior; procurando aumentar o número de bolsas existentes; participando do planejamento de ações que possam criar oportunidade de trabalho para os recém-formados; e procurando integrar os futuros historiadores da ciência à comunidade.

A FUNÇÃO SOCIAL DA HISTÓRIA DA CIÊNCIA

    A Sociedade Brasileira de História da Ciência não deve procurar funcionar apenas na defesa do interesse dos próprios historiadores da ciência. Também deve preocupar-se com a retribuição que os pesquisadores devem dar à sociedade.

    No caso específico da História das Ciências, há muito tempo sabemos que a área, além de seu valor intrínseco como um domínio do conhecimento, pode ser útil de vários modos:

• Auxiliando, por meio da educação formal e informal, a transmitir uma visão mais adequada sobre a natureza da própria ciência e de suas relações com a sociedade;

• Auxiliando no ensino do conteúdo das próprias ciências, em todos os níveis;

• Colaborando na formação de cientistas, através do ensino histórico de aspectos relativos à metodologia da pesquisa;

• Proporcionando subsídios para a elaboração de políticas de desenvolvimento científico e tecnológico;

• Retribuindo o apoio público à sua pesquisa através da divulgação ampla (popularização) dos resultados de seus estudos, através da produção de livros, artigos populares (jornais e revistas), palestras públicas, cursos livres, exposições, documentários, etc.

    A Sociedade Brasileira de História da Ciência deve estimular os pesquisadores da área a desenvolver atividades como essas, além de suas atividades de pesquisa e ensino especializado. A própria SBHC deve organizar atividades desse tipo, em diferentes lugares do país, de modo a aplicar e disseminar a história da ciência.

FUNCIONAMENTO DA SBHC

    Uma mudança do Código Civil Brasileiro, que entrou em vigor em 2003, estabeleceu algumas novas regras para sociedades civis sem fins lucrativos (como a SBHC), que exigem mudanças no Estatuto (por exemplo, sobre o modo de realizar Assembléias). Além de adequar o Estatuto a essas normas, é conveniente introduzir algumas outras mudanças.

    A Sociedade Brasileira de História da Ciência tem uma estrutura simples, com dois órgãos principais (além da Assembléia): a Diretoria e o Conselho Deliberativo Clique sobre a imagem para abrir o documento. Não possui secretaria fixa, nem sede própria, funcionando de fato na instituição do(a) Presidente da Sociedade. Há várias gestões, têm havido problemas financeiros na SBHC, que precisam ser solucionados. Os membros da Diretoria e do Conselho pertencem a diferentes Estados, sendo difícil realizar reuniões “ao vivo” com todos (ou com a maioria) dos seus membros. O meio principal de comunicação entre os mesmos têm sido mensagens eletrônicas.

    Seria conveniente que a SBHC tivesse uma sede e secretaria fixas (por exemplo, no MAST, se essa instituição concordar), onde ficasse o arquivo da Sociedade, sua contabilidade, etc. – a exemplo de muitas outras sociedades científicas, que possuem sede fixa, que não precisa coincidir com a instituição do Presidente.

    As dificuldades financeiras da SBHC precisam ser resolvidos, mas isso exige tempo e dinheiro (para pagar serviços de contabilidade). Como medida de urgência, pode ser criada uma associação temporária, com outro nome (por exemplo, Associação Brasileira de História da Ciência; ou Associação dos Amigos da SBHC), que possa substituir a SBHC em questões legais e financeiras, até a regularização.

    A comunicação entre os membros da Diretoria e do Conselho devem continuar a ser realizadas por meio eletrônico. Na nova fase, propomos um envolvimento intenso de todos os membros, para o planejamento de novas atividades, com reuniões virtuais periódicas através de “chat” criado especialmente para isto. Resumos de todas as reuniões devem ser divulgadas entre todos os sócios, permitindo o acompanhamento pelos mesmos de todas as ações da Diretoria e do Conselho.

    Deve ser criado um “site” institucional da SBHC, independente da instituição dos seus presidentes, com endereço eletrônico dos tipos www.sbhc.org.br (ou www.sbhc.org pois, atualmente, é mais barato fazer o registro e manter o “site” no exterior...). Quando houver mudança de diretoria, será necessário apenas passar aos novos diretores a senha do “site”, para que sejam feitas as mudanças e atualizações necessárias. Esse “site”, além de funções já indicadas em itens anteriores deste documento, deverá conter um histórico com todos os comunicados e boletins antigos da Sociedade (pelo menos a partir da nova gestão). Além do Boletim Eletrônico da SBHC, contendo notícias e informes da Diretoria e do Conselho, deve ser criada uma lista de discussão que permita que qualquer sócio possa enviar mensagens a todos os outros, de forma rápida e direta.

    Através de grupos de trabalho (já previstos no atual Estatuto), a SBHC deve se ramificar, utilizando a experiência e capacidade de muitos de seus sócios, compartilhando responsabilidades. A Sociedade deve constituir grupos de trabalho para desenvolver estudos e elaborar documentos sobre vários temas, como os indicados nos itens anteriores. Documentos relativos a Comitês Assessores, a Cursos de Pós-Graduação, a Centros de Documentação em História da Ciência e da Tecnologia, e outros temas, devem ser elaborados, discutidos através das listas de discussão, e divulgados no “site” da SBHC.

    A Diretoria não será responsável pelo desenvolvimento de todas as propostas aqui apresentadas – isso representaria um trabalho impossível. Não será necessário pertencer à Diretoria para liderar e participar de modo decisivo na execução dos vários ramos da presente proposta.

    A elaboração de um diagnóstico geral da área e a elaboração de um plano de desenvolvimento para a história das ciências no Brasil para os próximos anos (com metas e necessidades, a exemplo do foi feito no caso do PRONAHCT) deve ser uma das tarefas prioritárias da SBHC. A preparação e divulgação deste e de outros documentos programáticos específicos ajudará a dar solidez e respeitabilidade à instituição e à área como um todo.

    Através de diferentes ações, como as que já foram descritas anteriormente, a SBHC deve procurar se descentralizar. Reuniões regionais, séries de palestras, cursos itinerantes e envolvimento de pesquisadores de todo o país nas atividades da Sociedade devem ser fortemente estimulados. Deve ser reativada a possibilidade de criação de secretarias regionais e núcleos da SBHC, em diferentes regiões. É importante criar mecanismos que estimulem a interação entre os grupos e fazer com que todos se preocupem com os interesses coletivos, criando efetivamente uma comunidade de pesquisadores em constante interação.

REVISTA, SEMINÁRIOS NACIONAIS E ANAIS

    Todos os sócios da SBHC esperam que sejam mantidas e aperfeiçoadas algumas atividades mínimas da Sociedade: ter uma revista que mantenha regularidade de publicação e que possa ser cada vez melhor, em seu conteúdo e forma; realizar regularmente os Seminários Nacionais bienais da Sociedade; e publicar os Anais dos referidos congressos.

    A Revista da SBHC está procurando atualmente se recuperar. Ao contrário do que se possa pensar, o maior problema recente não tem sido falta de dinheiro e sim falta de um número adequado de artigos. Pode-se dizer que foi criado um círculo vicioso, no passado: os atrasos na publicação  faziam com que os pesquisadores não se interessassem em enviar artigos; a falta de artigos ocasionava maiores atrasos; e assim por diante. Desde a publicação do primeiro fascículo de 2003 estão sendo submetidos mais trabalhos, e a situação deve se regularizar no futuro próximo.

    A SBHC tem realizado seus Seminários Nacionais bienais com regularidade. É possível aprimorá-los, evidentemente. Há uma série de aspectos que podem ser alterados no Seminário bienal da SBHC, com base em nossa experiência na organização de eventos, mas não é necessário entrar em detalhes aqui.

    Os participantes do Seminário Nacional da SBHC esperam que seus trabalhos (ou uma seleção dos mesmos) sejam publicados. Atualmente, é bastante difícil obter apoio das agências de fomento para a publicação de anais, e os recursos da SBHC são insuficientes para pagar os seus custos. A FAPESP, por exemplo, já decidiu que não proporcionará mais auxílios para publicação de anais de eventos em papel: apenas apoia, atualmente, a publicação eletrônica. Considerando as dificuldades de obtenção de financiamento e também a tendência mundial nessa direção, uma alternativa simples é a publicação dos anais sob forma de livro eletrônico, tanto em CD quanto na Internet. Desde que sejam tomados certos cuidados básicos, os trabalhos publicados nos anais terão suas paginações sequenciais, evitando os inconvenientes de uma página comum da Web. Um livro eletrônico pode receber um código internacional de livro (ISBN) e pode ser registrado na Biblioteca Nacional, tendo valor formal equivalente ao de uma publicação em papel. O valor acadêmico depende, fundamentalmente, de haver ou não uma seleção dos trabalhos, com árbitros. É ainda possível, no caso dos livros eletrônicos, estabelecer um acordo com certas editoras de livros eletrônicos que possuem recursos técnicos para imprimir e encadernar um pequeno número de cópias das obras, para aqueles que as queiram adquirir em papel.

    Essa é a alternativa que nos parece mais adequada, portanto: publicar os anais dos Seminários Nacionais da SBHC sob forma de livros eletrônicos, distribuídos aos participantes sob forma de CD; divulgá-los colocando seu conteúdo na Internet; imprimir um pequeno número de exemplares para distribuição a bibliotecas; e possibilitar que os interessados adquiram uma versão impressa em papel.

VIABILIDADE DA PROPOSTA

    Podem ocorrer reações negativas à presente proposta, por vários motivos. Pode-se questionar os próprios objetivos e estratégias indicados acima; pode-se duvidar da possibilidade de realização das ações descritas; e pode-se colocar em discussão se o proponente é a pessoa adequada para desenvolver esse tipo de iniciativas.

    Quanto aos objetivos e estratégias, a aceitação ou não da proposta depende essencialmente dos valores de cada pessoa. Assim, não adiantaria tentar, aqui, fazer uma longa discussão sobre isso. Espero, na verdade, dois tipos de reações subjetivas: uma simpatia pelo que foi exposto acima, e vontade de participar de um processo desse tipo; ou uma antipatia que não poderá ser vencida por argumentos.

    Quanto à questão de saber se sou uma pessoa adequada para o desenvolvimento dessas iniciativas, é claro que também não há uma resposta objetiva disponível. Todos sabem que tenho uma boa experiência em organização de muitos tipos de atividades. Sabe-se também que não sou hábil com maneirismos políticos e muito franco em minhas atitudes, o que pode eventualmente gerar dificuldades. No entanto, gostaria de lembrar que, por ocasião da elaboração do Programa Nacional de História da Ciência e da Tecnologia (PRONAHCT), consegui mobilizar, reunir e estabelecer um fértil entendimento com as pessoas e grupos mais diversos do país, o que possibilitou uma ação conjunta extremamente positiva. Também gostaria de recordar aquilo que declarei há alguns anos, por ocasião de uma entrevista publicada na revista Episteme Clique sobre a imagem para abrir o documento, que poderá ser consultada para verificar a coerência entre a atual proposta e as idéias expostas no final do ano de 1999 e publicadas em 2000. Espero que, com a colaboração das outras pessoas que integrarão a Diretoria e os grupos de trabalho da SBHC, todas as dificuldades que possam surgir sejam superadas, em vista do projeto e bem maior que é a SBHC.

    Quanto à viabilidade: será realmente possível desenvolver tudo o que foi proposto acima, nas condições atuais, em um prazo relativamente curto? (deve-se considerar que o mandato da Diretoria é de 2 anos). Certamente não é possível realizar tudo o que foi indicado acima. No entanto, acredito que é possível planejar e iniciar a maior parte das atividades descritas, e obter um importante sucesso em muitas delas.

    Pode parecer, após uma análise superficial, que a maioria das ações propostas exige muito dinheiro e, por isso, são inviáveis. Como organizar cursos itinerantes em diferentes regiões do Brasil, por exemplo? É sempre possível encontrar soluções de baixo custo, como o estabelecimento de convênios com as universidades, aproveitamento de diversas ocasiões (como congressos), cobrança de taxas de inscrição (que não precisam ser altas), etc. O importante é ter a disposição para propor, pensar a respeito das propostas e procurar encontrar soluções criativas para viabilizá-las.

    Se for criada uma nova atitude em relação ao desenvolvimento de nossa área, e se as lideranças existentes (e algumas novas) se dedicarem realmente à proposta aqui exposta, acredito que temos plenas condições de realizar, em dois anos, um salto qualitativo de grande importância, que as Diretorias a nos sucederem farão certamente avançar. Acima de tudo, é necessário que fique claro que nada depende exclusivamente de meu trabalho: tudo vai depender de um esforço conjunto da Diretoria e de toda nossa Sociedade. A Diretoria coordenará, estimulará e procurará obter as condições necessárias para o desenvolvimento do projeto; mas apenas executará diretamente uma pequena parte do mesmo. Há muita coisa a ser feita, e há espaço para todos os que quiserem liderar alguma das iniciativas acima propostas – e outras que precisam ser pensadas.

    Não precisamos nos alongar mais. Acredito que a apresentação aqui feita é suficiente para que cada pessoa se posicione, concluindo se é favorável ou não às propostas apresentadas e se deseja ou não apoiar e participar das mesmas.

        Cordialmente,


        Roberto de Andrade Martins Clique aqui para consultar informações sobre Roberto MartinsClique aqui para enviar e-mail para Roberto Martins

        Junho de 2004


P.S.: No final de agosto de 2004, depois de alguns desdobramentos infelizes relativos à eleição da SBHC, decidimos não concorrer à referida eleição. Naquela ocasião, foi enviada aos sócios da SBHC uma mensagem, explicando alguns dos motivos dessa desistência. Essa mensagem pode ser consultada neste link.