Mensagem aos sócios da SBHC

Campinas, 31 de agosto de 2004.


Aos Sócios da
Sociedade Brasileira de História da Ciência (SBHC)

    Prezados colegas,

    Decidi não concorrer à presente eleição da Diretoria da Sociedade Brasileira de História da Ciência (SBHC) e gostaria de apresentar-lhes uma explicação.

    Em meados de junho do corrente ano, divulguei um documento (disponível na Internet, no endereço http://ghtc.ifi.unicamp.br/SBHC/Proposta-SBHC.htm) no qual apresentava uma proposta para o desenvolvimento da área de História da Ciência, no Brasil, e para a Sociedade Brasileira de História da Ciência. Minha opinião, lá apresentada, era de que, a nível nacional, a área de História da Ciência requer uma coordenação mais efetiva dos esforços isolados e um planejamento conjunto para o desenvolvimento de nossa área de pesquisa nos próximos anos. Naquele documento apresentei um grande conjunto de sugestões de iniciativas que poderiam dinamizar a área de história da ciência no país e, em minha opinião, desencadear uma nova etapa de desenvolvimento da área. No mesmo documento, informava que pretendia me candidatar, juntamente com um grupo de colegas, à eleição da Diretoria da SBHC, que ocorre no momento. Afirmava também que, para poder realizar o projeto lá apresentado, precisaria contar com a colaboração ativa da grande maioria dos pesquisadores da nossa área.

    Pouco tempo depois de ter divulgado o referido documento, tomei conhecimento de que estava sendo estruturada outra chapa apoiada por alguns membros que fizeram parte das duas últimas diretorias da Sociedade.

    Criou-se um impasse. Entrei em contato com a pessoa que encabeçava a outra proposta e, após dialogarmos, percebemos que não havia aparentemente pontos da proposta que fossem rejeitados por ele. Assim, pensamos em uma possível união. De comum acordo, pedimos a três sócios (Alfredo Tiomno Tolmasquim, Luiz Carlos Soares e Nísia Trindade) que atuassem como negociadores, para tentar estruturar a chapa unificada e superar eventuais dificuldades no processo de fusão. Foi realizada uma reunião no Rio de Janeiro, no dia 9 de julho, para tentar chegar a um acordo, mas não se chegou a bom termo, infelizmente.

    Depois que ficou claro que não seria possível formar uma chapa unificada, tratei de estruturar a chapa com a qual participaria da disputa eleitoral e que contaria com Anna Carolina Regner (UNISINOS), Carlos Alberto Filgueiras (UFRJ), Heloísa M. Bertol Domingues (MAST), Mauro Lúcio Leitão Condé (UFMG) e Sérgio Roberto Nobre (UNESP).

    Como foi amplamente noticiado, são considerados eleitores válidos, para a presente eleição da SBHC, os sócios que estavam em dia com a anuidade da Sociedade no dia 30 de junho de 2004. Desde o início de julho solicitei à tesouraria da SBHC uma lista dos eleitores. Apenas recentemente tive acesso à referida lista, que foi divulgada pela Internet (http://www.mast.br/sbhc/eleicao.htm).

    Foi possível perceber que a situação eleitoral era complexa. Entre outras coisas, a análise dessa lista mostrou que ocorreu a filiação de um grande número de pessoas que não participaram das atividades da SBHC nos últimos anos. Para ser mais preciso: dos 158 nomes que constam da listagem fornecida pela tesouraria da SBHC como aptos para participar da eleição, 53 pessoas (ou seja: um terço) não eram eleitores em 2002 e 2003, de acordo com as listagens tornadas públicas naqueles anos, e não aparecem no programa do 9o Seminário Nacional, realizado em 2003. Por outro lado, um grande número de pesquisadores atuantes na área, sócios da SBHC, não constam na lista de eleitores. Deve-se perceber que esses eleitores que não têm participado das atividades da Sociedade nos últimos anos poderiam decidir a eleição, e isso deve ser tema de reflexão.

    Refletindo sobre esses e outros fatos, junto com alguns colegas que apoiavam a proposta original, percebemos que, na presente conjuntura, se obtivéssemos a vitória eleitoral, ganharíamos por uma pequena margem de votos. Seria ingênuo acreditar que, depois da disputa, caso vencedores, poderíamos contar com a colaboração de todos. E nosso projeto para o desenvolvimento da área de história da ciência exigia, para sua execução, a colaboração ativa da grande maioria dos pesquisadores da área. Portanto, nossa vitória seria uma derrota, na presente situação, pois ficaríamos impossibilitados de efetivar a proposta que havia sido apresentada.

    Devido às razões acima colocadas, decidimos não participar da presente disputa eleitoral. Peço desculpas a todos aqueles que direta ou indiretamente apoiavam a proposta de trabalho apresentada e suas implicações. Infelizmente, no momento, não será possível colocá-la em prática.

    Saudações cordiais,

    Roberto de Andrade Martins


       Para uma compreensão adequada desta mensagem, leia a proposta apresentada para o desenvolvimento da área de História da Ciência, no Brasil, e para a Sociedade Brasileira de História da Ciência.