IBERODATA
 
Projeto de Bases de Dados sobre História da Ciência, da Medicina e da Técnica Ibero-Americana
 
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  Planejamento: O projeto aqui apresentado foi elaborado por Roberto de Andrade Martins, do Grupo de História e Teoria da Ciência – UNICAMP – Brasil, tomando como modelo o projeto similar que está sendo desenvolvido há 8 anos sobre ciência e técnica luso-brasileira do Renascimento até 1900. A partir desse projeto, contatos que estão sendo estabelecidos com pesquisadores e instituições de diversos países verificarão a viabilidade de desenvolvimento desse trabalho. É claro que este projeto poderá sofrer alterações, futuramente, a partir de sugestões recebidas.
 Fontes primárias: Em vez de procurar cobrir a literatura historiográfica (fontes secundárias), este projeto tem apenas o objetivo de fazer um levantamento da documentação primária, que abrange as obras  científicas, médicas e técnicas produzidas do Renascimento até 1900. No entanto, como as próprias fontes secundárias costumam ser uma fonte de informações sobre as fontes primárias, elas serão também arroladas, dando-se no entanto especial ênfase a textos secundários que contenham um volumoso levantamento de fontes primárias. 
 Materiais: Todos os tipos de fontes utilizadas na pesquisa historiográfica serão incluídos: não apenas textos publicados e inéditos, mas também imagens e objetos tridimensionais, que são de grande importância para a pesquisa. O cadastramento de todos os tipos de materiais deve ser acompanhado por uma campanha de esclarecimento sobre a necessidade de proteger e preservar essas fontes de pesquisa.
 Assuntos: Por motivos práticos, é necessário restringir de certa maneira os assuntos que serão cobertos pelas bases de dados, pois tentar incluir toda a memória intelectual e artística ibero-americana levaria a um projeto muitas vezes maior do que este. Existem certos tipos de obras (sermões, discursos políticos, obras religiosas, legislação, biografias de figuras públicas, poesias, etc.) que podem conter informações relevantes para o historiador das ciências, mas que raramente as contêm. Nesses casos, a regra geral seria a de excluir tais materiais, levando-se em conta, no entanto, exceções importantes: legislação específica sobre educação, medicina e técnicas; obras religiosas que contenham aspectos filosóficos, descrições geográficas ou conhecimentos lingüísticos; obras literárias de temática diretamente relacionada às ciências, técnica ou medicina; e assim por diante. 
 Autores: Sendo o objetivo central do projeto fornecer informações para a pesquisa em história da ciência produzida nos países ibero-americanos, não se deve incluir obras de autores estrangeiros cujo objeto de estudo tenha estado associado a esses países. Por exemplo: uma obra sobre a geografia da América do Sul escrita por um autor francês não deverá ser incluída no projeto, com exceção dos casos em que o autor estrangeiro esteve fortemente vinculado a países ibero-americanos, como no caso de pessoas que se fixaram e viveram naqueles países, ou foram professores nos mesmos países, etc. As traduções ibero-americanas de obras científicas estrangeiras devem no entanto ser incluídas, pois o próprio processo de tradução e divulgação de uma obra estrangeira mostra sua relevância para o desenvolvimento científico do país do tradutor.
 Previsões: É muito difícil fazer uma estimativa de todo o volume de publicações, manuscritos e outros materiais relevantes produzidos nos países ibero-americanos durante todo o período abrangido no projeto. Procuramos fazer uma estimativa baseando-nos no projeto relativo à ciência e técnica luso-brasileira, que abrange o mesmo período e que se aproxima de uma meta de 100.000 registros. Levando-se em conta que, na segunda metade do século XIX, a população da Espanha e dos demais países de fala espanhola era cerca de 3 vezes maior do que a população de Portugal e Brasil, e que em 1900 a população alfabetizada de Espanha e países de fala espanhola era cerca de 4,5 vezes a população alfabetizada de Portugal e Brasil, temos dois indicadores que sugerem que a produção científica e técnica poderia obedecer a proporções semelhantes. A estimativa preliminar é de que a produção científica, médica e técnica de Espanha e demais países de fala espanhola, até 1900, deve corresponder a um total entre 300.000 e 500.000 ítens. Somente após alguns anos de efetivo desenvolvimento das bases de dados seria possível fazer-se uma estimativa melhor desses limites. 
 Localização dos materiais: Em um projeto deste tipo deve-se, sempre que possível, indicar os locais (bibliotecas, arquivos, museus, etc.) onde podem ser encontradas as fontes inventariadas, pois saber apenas que certo material existe, sem saber onde encontrá-lo, é de pequena utilidade para o historiador. É importante dispor de informações não apenas sobre os acervos de instituições localizadas nos países ibero-americanos, mas também em outros países, tais como França, Estados Unidos, Inglaterra, Itália e outros, onde podem existir exemplares raros ou únicos de documentos ibero-americanos importantes. 
 Fontes de informação: Para que um projeto como este seja viável, é necessário utilizar uma estratégia que aproveite todo o trabalho já realizado até hoje por arquivistas, bibliotecários e pesquisadores. Em vez de começar o trabalho procurando diretamente os documentos e materiais nos locais onde se encontram, é preferível iniciar o trabalho utilizando as informações disponíveis em obras de referência impressas: bibliografias nacionais retrospectivas, antigos catálogos impressos de bibliotecas, catálogos impressos de coleções de manuscritos e de mapas, bibliografias temáticas, etc. Um levantamento já realizado permitiu elaborar uma  lista preliminar com mais de 700 obras de referência relevantes para o projeto. Esse número poderá facilmente ser ampliado e atingir 2.000 obras dc referência importantes. Para efeito de comparação, o projeto relativo a Portugal e Brasil utilizou até agora cerca de 400 fontes de referência, e a meta é atingir cerca de 500 a 600 obras, nos próximos anos. Além de obras de referência impressas, podem ser também consultadas bases de dados eletrônicas já existentes.
 Centralização: Não é conveniente desenvolver vários projetos nacionais paralelos, pelo seguinte motivo: a maioria das fontes de referência contém informações sobre obras de autores de diferentes nacionalidades. A partir de um catálogo impresso de uma biblioteca, por exemplo, para se fazer um projeto que incluísse apenas autores de um único país ibero-americano, seria preciso dispor de informações sobre a nacionalidade de cada autor, tornando o trabalho muito mais difícil. Por outro lado, a mesma obra de referência teria que ser consultada e passar por um idêntico trabalho de seleção em todos os outros países, o que significaria uma multiplicação inútil de trabalho. É mais fácil, por isso, fazer o trabalho de forma unificada, sem restringir por países. Por outro lado, também não é conveniente construir diferentes bases de dados em diferentes locais e depois tentar unificá-las, pois a experiência mostra que isso não pode ser feito de modo automático, e além disso haveria duplicação inútil de esforços. A melhor estratégia consiste em centralizar as bases de dados em um único servidor, que poderia ser acessado de qualquer país, pela Internet, através de senhas, de modo que todos colaborem simultaneamente na construção das bases de dados. Isso pode ser feito, por exemplo, com o programa MS-Access.
 Colaboração: O projeto necessita MUITO de ajuda de vários tipos. Eis as principais necessidades práticas: 
1) Complementar a lista preliminar de obras de referência. 
2) Obter cópias de trabalho (originais, fotocópias ou microfilmes) de todas as obras de referência relevantes para o projeto.  
3) Selecionar e assinalar, nas obras de referência, todos os materiais primários de interesse do projeto. 
4) Estruturar as bases de dados e interface para entrada e consulta de dados, através da Internet, através de programa adequado. 
5) Implantar fisicamente um servidor e computadores que serão utilizados pelo projeto. 
6) Digitar e conferir informações. 
7) Em uma segunda fase, realizar busca de materiais relevantes, em museus, bibliotecas e arquivos.  
     Com base na experiência adquirida no projeto referente a Portugal e Brasil, pode-se estimar que todo o trabalho acima indicado, baseado na consulta a 2.000 fontes de referência impressas (ou seja, excluindo o ítem 7) poderia ser realizado a um custo de US$80,000.00 por ano, durante 10 anos.
Se você quiser colaborar, entre em contato com: Roberto de Andrade Martins. Grato pela ajuda.
 
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Grupo de História, Teoria e Ensino de Ciências
  Grupo de História, Teoria e Ensino de Ciências
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em 11/ago/1998