Capítulo 1:  A Origem do Universo na Mitologia e na Religião

O  UNIVERSO

TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO

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        Na Babilônia, a astrologia era de enorme importância. Acreditava-se que os astros dirigiam a vida das pessoas e todos os acontecimentos da Terra. Por isso, os planetas e estrelas são considerados como elementos centrais, no mito de criação. Eles são tão importantes, que as constelações recebem formas que representam a imagem dos próprios deuses. Pelo contrário, no mito da Bíblia, o centro de tudo é o homem. Não se menciona a astrologia, e o homem é criado como uma imagem divina. Nos dois casos, esse é um aspecto estranho do mito: em que sentido os deuses possuem uma forma?

        Outro aspecto muito interessante é que, nesses mitos, os deuses vão estruturando o universo, produzindo suas partes, e também lhes dão nomes e estabelecem as leis que devem ser obedecidas por todos os fenômenos. No início, diz o Enuma elis, nada tinha nome. O Genesis não afirma isso diretamente, mas indica que Deus dá o nome ao dia e à noite, ao céu e à terra, etc. “Dar um nome” significa, nas mitologias, tornar real, concreto, definido, controlável. Aquilo que não tem nome é o que é desconhecido, impalpável, obscuro, indefinido e assustador.

        O mito babilônico diz que no início nada tinha nome e que nenhum destino havia sido traçado: ou seja, não existiam regras ou leis que permitissem dizer o que deveria ocorrer no futuro. No entanto, quando os deuses criam os planetas, eles determinam suas trajetórias, isso é, estabelecem como eles devem se mover. São assim criadas aquilo que podemos chamar de “leis da natureza”. Da mesma forma, no Genesis, Deus estabelece que as plantas, os animais e os homens devem se multiplicar e produzir outros iguais a eles próprios, segundo sua espécie. As divindades, assim, vão dando ordens, isto é, vão ordenando o universo. O estabelecimento de uma organização, de uma ordem, é um aspecto essencial de todo mito de origem do universo – os chamados “mitos cosmogônicos”.

        Normalmente, os mitos cosmogônicos pressupõem que já existe alguma coisa, desde o início. Ao invés de criar tudo a partir do nada, uma divindade modifica essa coisa original, dividindo-a e produzindo outras. É comum o aparecimento de uma espécie de água primordial, ou escuridão (trevas, noite) como ponto de partida, como nos mitos indicados acima. Ao invés de um “criador”, a divindade é, então, um tipo de artesão que vai estruturar o universo.

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