Capítulo 6: Do Período das Grandes Descobertas ao Século XVIII |
HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS |
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Por fim, adiciona vários procedimentos médicos preventivos:
as pessoas cheias de sangue devem fazer sangrias da veia média do
braço direito, depois usar um purgante leve, e por fim um remédio
de acordo com os humores que abundam em seu organismo. Também recomenda
as "pílulas de Refus", às quais se adiciona açafrão,
ou amoníaco, ou outras substâncias boas para "retirar o veneno".
Não poderia deixar de receitar um antídoto tradicional: o
remédio de Mithridates, contra todos os venenos, do qual fornece
uma receita simples particular - duas nozes, dois figos, 20 folhas de arruda,
um grão de sal. Ou então, abre-se um figo, coloca-se dentro
o cerne de uma noz, oito folhas de arruda e um grão de sal, depois
tempera-se com bom vinho; deve-se tomar em jejum.
Álvares indica uma série de remédios populares da época, como a teriaga, o "opiato vulgar de Salomão", o óleo de vitríolo (ácido sulfúrico), etc. Sugere também vários outros procedimentos estranhos, como esfregar os pulsos, têmporas e coração com óleo de escorpiões, ou usar presa ao corpo uma pedra de lápis-lazuli. E depois de uma série de regras das mais variadas, termina o seu livro assim: Fim. Aceite-o quem quiser.Todas as crenças e recomendações de Álvares são típicas da época. Algo muito semelhante pode ser encontrado em um folheto publicado em Lisboa em 1569: "Recompilação das coisas que convém guardar-se no modo de preservar a Cidade de Lisboa e os sãos, e curar os que estiverem enfermos de peste". Este pequeno livro, composto pelos médicos Tomás Álvares e Garcia de Salzedo, "Medicos do Serenissimo Rey de Portugal, Dom Sebastião Primeiro, nosso Senhor", não contém qualquer discussão teórica. É apenas um conjunto de normas a serem respeitadas contra a peste, compiladas, como o próprio nome diz, de muitas fontes. A "Recompilação" dá enorme importância ao ar da cidade. No caso de Lisboa, recomenda-se especialmente que sejam feitas fogueiras pelas ruas, por causa da grande umidade da cidade, "que é causa potentíssima desta enfermidade". São indicados para o fogo as madeiras de cedro, cipreste, oliveria, pinho, aroeira, zimbro, alecrim "e todos os mais bons cheiros que cada um quiser deitar". Os fogos devem ser feitos especialmente pela manhã e no início da noite. |
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CRONO LOGIA |