Capítulo 6: Do Período das Grandes Descobertas ao Século XVIII |
HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS |
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Segundo Anchieta, essa enfermidade não surgia ao acaso, mas por
causa de um costume dos índios. Eles utilizavam certas lagartas
finas e peludas, de corpo negro e cabeça vermelha, chamada "socaúna".
O veneno dos pelos dessas lagartas fazia inchar a região tocada.
Anchieta diz que os índios aplicavam tais lagartas aos órgãos
genitais, de tal modo a estimular a ereção. O cronista Gabriel
Soares também descreve esse costume dos índios. Anchieta
atribui a doença a esse costume. Não é impossível
que o microorganismo causador da sífilis tenha passado de uma lagarta
à espécie humana, mas nunca foi feito um estudo científico
sobre isso.
A febre amarela, o cólera e a sífilis, são doenças
atualmente consideradas transmissíveis. No entanto, nada se sabia
sobre elas ou sobre outras enfermidades novas, da época.
Escorbuto Outra doença que afetou fortemente as navegações foi o escorbuto. Embora essa doença já existisse antes, foi durante as grandes viagens que se tornou conhecida, produzindo grande terror entre os marinheiros. Na viagem de Vasco da Gama à Índia, em 1497, entre Moçambique e Sofala, começou a aparecer o escorbuto na tripulação. O cronista Lopes de Castanheda descreve que, depois de transpor o Cabo das Tormentas, Vasco da Gama acreditou já estar encontrando sinais da Índia que procurava. Por isso, colocou o nome de Bons Sinais no rio a que chegou, nas costas de Moçambique, e resolveu consertar aí os seus navios,... (...) o que foi feito em trinta e dois dias, e o consertaram muito bem: e neste passaram nossos assaz de trabalho com uma doença que lhes sobreveio (parece que do ar daquela região) que a muitos lhes inchavam as mãos, e as pernas e os pés. E com isto lhes cresciam tanto as gengivas sobre os dentes que não podiam comer e apodreciam-lhe, de maneira que não havia quem suportasse o fedor da boca, e com estes males padeciam dores mui grandes, e morreram alguns o que pôs a gente em grande desmaio. |
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CRONO LOGIA |