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AS GRANDES PESTES MEDIEVAIS
A peste negra em Tournai (Bélgica), no século XIV.
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No final da Idade Média e no Renascimento a Europa foi varrida por
grandes pestes, de diversos tipos. Existem motivos históricos para
o surgimento dessas epidemias, nessas épocas. Durante a Idade Média,
as cruzadas cristãs colocaram os europeus em contato com outros
povos e com doenças desconhecidas, para as quais o organismo europeu
não tinha nenhuma resistência. No Renascimento, as grandes
navegações tiveram um efeito semelhante.
Uma das mais terríveis epidemias medievais foi a peste negra. Iniciou-se
em 1347 ou 1348 e estima-se que matou 1/3 da população da
Europa. Parece ter sido uma combinação de peste bubônica
e pneumonia. |
Como ocorreu em outras ocasiões semelhantes, as antigas teorias
médicas não conseguiram explicar essa peste. Galeno não
falava sobre nada parecido. Todos percebiam que a peste passava de uma
pessoa para outra, mas a Bíblia falava mais sobre contágio
do que qualquer médico grego. Mesmo sem ter uma base teórica,
era necessário agir. Imaginou-se que o melhor modo de impedir que
a doença atingisse uma região seria proibir a entrada de
pessoas já doentes. Mas as pessoas poderiam estar doentes sem sabê-lo
e sem manifestar nenhum sintoma. Como distinguir os sãos dos doentes?
A idéia que surgiu foi isolar todas as pessoas que estivessem vindo
de locais infectados e esperar durante vários dias, para verificar
se surgiam nelas os sinais da peste. Se surgissem, não poderiam
entrar. Se não surgissem, a pessoa poderia entrar na cidade.
A cidade de Ragusa, perto de Veneza elaborou nessa época a primeira
legislação exigindo uma quarentena (de 40 dias) para viajantes
que viessem de lugares infectados. Não havia, é claro, nenhuma
base médica para esse número, 40. Provavelmente, os legisladores
se inspiraram no período hebraico de impureza das mulheres após
o parto. |
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