Capítulo 5:O Período Medieval |
HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS |
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Ao discutir a cura das febres pestilenciais, Avicena indica a necessidade
de "secar" o corpo, ou seja, diminuir sua umidade. A justificativa parece
ser a de que toda putrefação só ocorre na presença
de umidade e portanto, diminuindo a umidade, diminui-se a possibilidade
de que as substâncias do corpo apodreçam. Inicialmente, ele
indica que se deve produzir a evacuação do ventre. Se surgir
nesse processo alguma matéria sanguínea, isso indicaria a
necessidade de sangria. Se surgirem outros humores, seria necessário
produzir novas evacuações.
A prevenção das pestes parte do mesmo princípio. Deve-se extrair do corpo toda umidade supérflua. Para isso, é necessário restringir as bebidas, os alimentos e os banhos. Recomenda fortemente o uso de vinagre nos alimentos, para impedir sua putrefação. Além disso, recomenda a administração dos antigos antídotos: teriaga e mitridata. Além de cuidados médicos com o próprio doente, Avicena indica que é necessário "refrigerar" sua casa, e corrigir o ar. A "refrigeração" da casa consiste em utilizar substâncias consideradas "frias". Ele indica o uso de água de rosas, sândalo, cânfora, limão, água de romãs, vinagre e outras substâncias aromáticas. Segundo Avicena, a correção do ar pestilencial é útil tanto para os sãos quanto para os enfermos. Consiste em produzir bons odores, impedindo sua putrefação com qualquer coisa disponível - aloé, âmbar, almíscar, láudano, cipreste, louro, etc. Recomenda aspergir a casa com vinagre, e fazer fumigações com sândalo, cânfora, mirra e outras substâncias. De um modo geral, as recomendações de Avicena são coerentes com a idéia de que as pestes são trazidas pela putrefação. No entanto, como foi indicado acima, ele também indica o uso de antídotos (como a teriaga) para proteger contra a peste. Isso parece indicar uma mistura de duas idéias: a da putrefação e a de venenos. Na verdade, para Avicena, as duas idéias estão intimamente relacionadas. Pode-se verificar isso estudando, por exemplo, sua descrição sobre a raiva. Segundo Avicena, os cães, macacos e outros animais podem se tornar raivosos "quando sua constituição se transforma em um predomínio da bílis negra maligna, venenosa". Essa transformação se dá por causa do ar, de alimentos ou da água. O calor excessivo pode endurecer seus humores, produzindo a raiva no outono; ou então, o frio excessivo pode congelar seu sangue, no inverno, produzindo também a raiva pela produção de bílis negra. Porém, a raiva também poderia surgir quando o animal comesse outros animais mortos em decomposição, ou bebesse água podre, pois isso levaria seus humores a se transformarem em bílis negra putrefata. |
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CRONO LOGIA |