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No século IX, há dois grandes centros políticos, religiosos
e culturais do mundo árabe: Bagdá (da antiga Pérsia)
ao leste, com uma população de 800.000 pessoas; e Córdova
(na atual Espanha), a oeste, com 500.000 habitantes. A unidade dessa vasta
civilização era proporcionada pela religião islâmica
e pelo idioma árabe.
A cultura médica dos árabes era, inicialmente, do mesmo tipo
que estudamos em outras civilizações: de tipo religioso e
mágico. Os escritos do início do islamismo mostram que se
dava grande valor a amuletos, talismãs e fórmulas mágicas,
na cura de doenças.
Gradualmente, no entanto, a civilização árabe se transforma.
Durante sua expansão para leste e oeste, os árabes entram
em contato com a tradição grega e helenística, egípcia,
mesopotâmica e indiana. Surge um grande interesse pelo estudo dessas
tradições - especialmente pelo pensamento grego. As mais
importantes obras antigas são traduzidas e comentadas pelos árabes
e passam a circular pelo mundo islâmico. O idioma árabe se
torna, na época, o idioma científico e filosófico
mundial.
O estudo e a reflexão sobre o pensamento antigo levaram a um rápido
florescimento da cultura árabe. No campo da Medicina, logo surgem
não só comentários sobre Hipócrates e Galeno,
mas também trabalhos originais.
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Estre desenho árabe mostra a utilização de ferros
em brasa para cauterizar as feridas dos leprosos, na Idade Média.
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Na Pérsia, destacam-se Rhazes e Avicena. Rhazes ou Al Rhazi
(860-932) nasceu perto do lugar onde agora é Teeran. Escreveu sobre
varíola e malária. Introduziu na Medicina o álcool
e a tintura de mercúrio. Avicena ou Ibn Sina (980-1063) escreveu
uma famosa obra: o "Qanun" ou "Canon", que serviu de base à Medicina
durante séculos.
No ocidente árabe - em Córdova - os mais importantes autores
médicos são de um período posterior: Averroes ou Ibn
Ruschd (1126-98) e seu estudante, o judeu Moses Maimonides (1135-1204).
Ambos foram eminentes filósofos, fortemente influenciados pelo pensamento
de Aristóteles. |
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