Capítulo 11: Aperfeiçoamento e Dificuldades da Teoria Microbiana

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Sabia-se que a febre amarela produz imunidade: as pessoas que se salvam da doença não a adquirem novamente. Por analogia com outras doenças, imaginou-se que era uma enfermidade contagiosa. Mas os fatos conhecidos eram confusos. Algumas vezes, pessoas que viviam junto a doentes de febre amarela também ficavam doentes; outras vezes, não.

         Durante a época em que mais se discutia o contágio da doença, vários médicos - Firth, Chervin, Guyon e outros - que eram firmes opositores da doutrina do contágio, quiseram dar ao mundo uma prova da sinceridade de suas opiniões. Eles próprios se expuseram ao contato das roupas de enfermos e de cadáveres, dormindo em suas camas, respirando o seu alento, esfregando as mãos e o rosto com o vômito, ingerindo o próprio vômito negro, inoculando-se com o sangue, a saliva, e excrementos de tais enfermos. Nenhum deles adoeceu. Concluiram que a doença não era contagiosa.

         Finlay estava convencido de que a doença não passava diretamente de um doente para uma pessoa sã. Imaginou então que pudesse existir algum transmissor da febre amarela.
 
         Como em outros casos, o ponto de partida foi uma crença popular de que os mosquitos pudessem produzir a doença. Para estudar essa hipótese, Finlay resolveu testar se era possível transmitir a febre amarela fazendo com que um mosquito picasse uma pessoa doente e, depois, uma pessoa sadia. Buscando esse agente, por exclusão, fixou-se no estudo de um inseto sempre presente nos focos de infecção, em Cuba e outros locais próximos: um mosquito que picava as pessoas durante o dia, chamado Culex fasciatus (também conhecido como Stegomya fasciata e depois chamado de Aedes aegypti).

O mosquito Aedes aegypti é o responsável pela transmissão da febre amarela.

         O próprio Finlay tinha grandes dúvidas teóricas sobre a possibilidade de que esse fosse o vetor. Afinal de contas, a doença deve ser transmitida por alguma coisa material. Seria possível que o aguilhão de um mosquito, comparável a um pequeno cone de diâmetro igual a 1/30 de milímetro, pudesse reter uma quantidade suficiente de vírus para realizar uma inoculação eficaz? Isso parecia absurdo. No entanto, ele resolveu fazer o teste.

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