Capítulo 10: O Desenvolvimento da Teoria Microbiana das Doenças |
HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS |
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Outra importante linha de investigações foi desenvolvida
na mesma época por François Jules Lemaire. Como Pasteur e
Béchamp, Lemaire era um químico e não médico
ou biólogo. No início da década de 1860 ele se dedicava
ao estudo de substâncias antissépticas. Observou que a benzina,
o ácido fênico e o alcatrão eram capazes de interromper
a fermentação e a putrefação orgânica.
Estudou especialmente as propriedades do ácido fênico, mostrando
que ele servia para destruir os infusórios. Utilizou essa substância
na conservação de peças anatômicas e de animais.
Em 1861, mostrou que o ácido fênico diluído a 1% e
adicionado ao ácido acético curava a sarna, matando o ácaro
que produz essa afecção.
Do estudo dessas substâncias químicas, Lemaire foi levado à investigação dos microorganismos que produziam a fermentação e putrefação. Existia a crença de que esses seres podiam se espalhar pelo ar, mas os estudos realizados nessa época não eram totalmente conclusivos. Lemaire desenvolveu um novo método para capturar microorganismos do ar. Ele colocava gelo dentro de um balão de vidro fechado. O balão, colocado na atmosfera, produzia a condensação de vapor d'água em sua superfície e, juntamente com o vapor, eram coletados os microorganismos do ambiente. Lemaire recolhia o líquido e depois o estudava ao microscópio. Durante as fermentações e putrefações há desprendimento de gases da substâncias em transformação. Em 1864, Lemaire estudou pelo processo acima indicado o ar acima de materiais em fermentação e putrefação e observou que, juntamente com os gases, desprendem-se dessas substâncias os seres microscópicos que produzem esses processos. Imaginou então que os miasmas não eram simplesmente odores, mas microorganismos que acompanhavam os cheiros fétidos de substâncias em decomposição. No mesmo ano, Lemaire estudou um fungo microscópico (o Achorion schoenleinii, já estudado antes por Bazin) que produz uma micose no homem. Bazin já havia sugerido que esse microorganismo poderia se espalhar pelo ar. Lemaire estudou um menino que tinha essa afecção no couro cabeludo. Produzindo uma leve corrente de ar da cabeça do menino em direção a um balão de vidro com gelo, a 50 cm de distância, ele verificou que a umidade condensada em torno do balão continha esporos de Achorion. Esta foi a primeira vez que se detectou no ar a presença de seres vivos capazes de reproduzir uma doença. |
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CRONO LOGIA |