Capítulo 2: Medicina Mágica e
Religiosa

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Em todos esses casos, após decorrido o tempo de impureza, era necessário fazer um ritual especial: mergulhar em um rio, pronunciar o hino sagrado de Aghamarshana três vezes e, depois de sair da água, repetir a oração Gayatri mil e oito vezes.

         Carregar o corpo de um defunto, para a cremação, era especialmente perigoso e exigia muitos rituais adicionais. Mas a impureza de um cadáver era considerada tão grande que podia contagiar mesmo as pessoas próximas. Por isso, a pessoa se tornava impura se seguia um funeral, ou se ficava ao alcance da fumaça da pira crematória. Devia, nesses casos, lavar suas roupas e tomar o banho ritual, para se tornar novamente pura.

         A impureza era considerada como algo contagioso: tocar uma pessoa que tocou um cadáver ou tocar uma mulher menstruada acarretava impureza. A pessoa também adquiria impureza se aceitasse alimentos de alguém impuro, ficando impuro durante tanto tempo quando este.
 
         Se um animal morresse em um poço, ou se este se tornasse impuro em alto grau, recomendava-se tirar toda a água, secar com um pano e acender fogo dentro. Por fim, quando começasse a surgir água no poço novamente, devia-se atirar alimento sagrado (pancagavya) nele. Considerava-se que grandes reservatórios de água (rios, açudes) não se tornam impuros.

         Havia outras regras que podemos interpretar como cuidados com a saúde. Uma pessoa era considerada impura se vomitasse ou cuspisse sangue.

         Durante o período de impureza, a pessoa não devia cozinhar - era preciso comer alimentos comprados ou oferecidos gratuitamente; devia dormir no chão; não comer carne; e dormir sozinho. Após o período de impureza, era necessário realizar sempre um ritual purificador, pois a impureza não desaparecia por si mesma.

         A duração do período de impureza era variável. Uma mulher menstruada só ficava pura depois de quatro dias. Em outros casos, como espirrar, cuspir, dormir, urinar ou falar com um estrangeiro, bastava uma rápida purificação.


   Ainda hoje, é tradição se livrar das "impurezas"     nos  rios indianos

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