Capítulo 9: O Processo de Transmissão das Doenças |
HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS |
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A partir de alguns poucos casos iniciais, a doença se espalhou pelo
país. Em 1849, morreram em Londres 53.000 pessoas de cólera,
de uma população de cerca de 2.000.000 de pessoas.
O que era essa coisa que transmitia o cólera? Ninguém sabia exatamente o que poderia ser, mas como a doença pode ir passando de uma pessoa para várias, e atingir milhares ou até milhões de pessoas, era algo que podia ir aumentando em quantidade. Para nós, isso é um sinal evidente de que se trata de um microorganismo que se reproduz e multiplica. Mas, na época, a conclusão cautelosa de John Snow era bastante vaga: "Doenças transmitidas de pessoa a pessoa são causadas por alguma coisa que passa dos enfermos para os sãos e que possui a propriedade de aumentar e se multiplicar nos organismos dos que são atacados por ela". Como já vimos, nessa mesma época Félix Pouchet havia encontrado os vibriões nos dejetos de doentes do cólera; mas essa descoberta não teve grande repercussão. Surgiu a hipótese de que um "veneno mórbido" se espalhava pelo ar, em volta dos doentes, transmitindo o cólera aos que estivessem próximos. Snow, no entanto, não considerou essa explicação boa. Se a enfermidade fosse adquirida pela respiração, deveria surgir algum tipo de sintoma ligado aos pulmões. Mas o cólera se manifesta basicamente no canal alimentar e não no sistema respiratório (ao contário da gripe, por exemplo). Por isso, Snow supôs que o agente produtor do cólera é introduzido primeiramente no canal alimentar: é alguma coisa que é engolida acidentalmente, que se reproduz no estômago e nos intestinos e que produz todos os distúrbios observados. John Snow raciocinou que, se essa causa é introduzida e se multiplica no canal alimentar, seria razoável supor que ela também sai e se espalha com os dejetos (vômitos e fezes) dos doentes e não com sua respiração, suor ou outro veículo. É claro que ninguém ingere os dejetos de um doente conscientemente. Mas ocorre que as evacuações dos doentes de cólera não possuem a cor nem o cheio de fezes, podendo passar despercebidas em lençóis e roupas brancas. Outras pessoas poderiam sujar as mãos sem notar e, se não lavarem as mãos antes de comer, irão ingerir uma pequena quantidade desses dejetos, que será suficiente para produzir a doença. Snow indica que alguns fatores agravantes da transmissão eram quando várias pessoas dormiam no mesmo quarto, quando comiam no próprio cômodo em que estava um doente, quando não havia água disponível para o asseio, etc. |
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CRONO LOGIA |